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Americana usa vida real para criar expert em crime

Com 100 mi de livros vendidos, Patricia Cornwell retoma série de médica forense

Personagem vai ser apresentada em futuro filme enquanto autora prepara o 20º volume de sua saga policial

LÚCIA VALENTIM RODRIGUES
DE SÃO PAULO

A escritora norte-americana Patricia Cornwell, 55, é uma boa retratista. Melhor ainda que ficcionista policial.

Com mais de 100 milhões de livros vendidos, conta em suas histórias aquilo que viu na vida. "Não posso desperdiçar um material desses", diz, por telefone, à Folha.

Mesmo a escolha de fazer romances policiais veio de uma curiosidade real pelos mortos. "Comecei minha carreira como repórter policial. Quando via um corpo, pensava o que aconteceria no laboratório e no necrotério."

Daí surgiu a protagonista de "Scarpetta", lançado em 2008 nos EUA, que inaugura o selo Paralela no Brasil. Nele, a médica forense Kay Scarpetta junta pistas na busca pelo assassino de uma anã.

A narrativa se vale de elementos de politicamente correto e invasão de privacidade -há um blog que expõe famosos, inclusive a heroína da trama. Mas Scarpetta não se deixa abater. É uma mulher forte, como muitas que despontam em cargos importantes hoje. "As mulheres têm um potencial enorme para ser poderosíssimas. Sempre tivemos que ser estoicas e suportar a dor e o desconforto."

Cornwell elogia o Brasil ter eleito Dilma Rousseff para a Presidência e diz que, "em até dez anos", os EUA devem estar prontos para serem governados por uma mulher, "a menos que uma deterioração muito grande aconteça".

"A extrema direita sempre ataca direitos feministas. Não iam querer uma presidente, a menos que fosse alguém perigoso como eles, tipo a Sarah Palin. Espero que não estejamos prontos para isso, porque aí eu me mudo daqui."

MICROSCÓPIO

A autora diz que a fascinação pelo crime existe "porque temos medo daquilo de que o ser humano é capaz". "Há uma membrana muito fina que nos separa da violência aleatória. A vida é frágil."

Por isso retrata os motivos de seus personagens tanto para cometer crimes quanto para combatê-los. "Busco pôr sob meu microscópio o que define nossas atitudes."

Mesmo sendo uma best-seller, Cornwell nem sempre acerta em satisfazer o leitor. Em 2002, fez "Retrato de um Assassino", que revelava, segundo pesquisa sua, a identidade de Jack, o Estripador. Veio uma saraivada de críticas negativas.

Por isso, cada vez mais, se envolve nas redes sociais. "Tento absorver o que meus leitores falam. Em minha nova obra, revelo o paradeiro de dois personagens. Sempre me perguntam sobre isso no Twitter e no Facebook."

O novo livro é "The Bone Bed", que mistura uma escavação paleontológica, um corpo boiando numa marina e novidades espaciais.

Ela acha, contudo, que seus fãs não se alteraram muito com o passar do tempo. Seguem sendo majoritariamente mulheres e jovens -no caso desses, cada vez mais jovens, de "12, 14 anos", estima a autora, apesar dos conteúdos assustadores.

O público de Cornwell é filão de sonho para Hollywood e, por isso, Scarpetta em breve vai estar em um filme. Mas a autora adianta que ele não será baseado em nenhum dos 20 volumes já lançados.

"Deve ser uma história original, que a apresente. Tipo um 'Scarpetta Begins'; pena que o título já tenha sido usado [na série 'Batman']."

Atrizes como Angelina Jolie foram cotadas para o papel, mas ela diz ser cedo para pensar nisso. "O importante é ter um bom roteiro. Aí fica fácil escalar alguém."

SCARPETTA
AUTORA Patricia Cornwell
EDITORA Paralela
TRADUÇÃO Julia Romeu
QUANTO R$ 34,50 (384 págs.)

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