Índice geral Ilustrada
Ilustrada
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Biblioteca Nacional maquiou danos ao acervo histórico

Volume atingido por vazamento é maior do que o divulgado inicialmente

Coleção de obras que ficaram molhadas inclui revista dos anos 1930 e jornal do início do século passado

DO RIO

Uma visita guiada pela Biblioteca Nacional organizada para jornalistas, na manhã de ontem, mostrou que os danos ao acervo causados pelo vazamento de uma tubulação de ar-condicionado na última quarta foram maiores do que havia sido divulgado.

Inicialmente, a biblioteca informou que haviam sido atingidos "cerca de 800 fascículos" e apenas "jornais de 2010 a 2012".

Ontem, a diretora do Centro de Referência e Difusão, Monica Rizzo, afirmou que o volume, ainda não calculado, é maior e inclui obras antigas como a "Revista Infantil" (1939) e jornais do início do século passado.

"Não sabemos quantos volumes foram atingidos. Nesse momento estamos mais preocupados em fazer a secagem dos documentos", disse Rizzo. "Não foi identificado nenhum dano irreversível."

A biblioteca também confirmou outro vazamento, noticiado ontem pelo jornal "O Globo", que aconteceu há dez dias em outro prédio da instituição, situado na praça Mauá -o edifício é o mesmo que está sendo preparado para receber as coleções que foram molhadas na sede.

"Houve uma chuva muito forte há cerca de dez dias e o duto do ar-condicionado foi invadido pela água."

Segundo Rizzo, no outro prédio foram atingidos 42 volumes, cada um com cerca de 15 edições de jornais antigos -ela não soube informar que publicações foram molhadas.

"Está em fase de secagem ainda, 22 volumes já estão secos, 20 ainda secando."

O vazamento no secular prédio da Biblioteca Nacional aconteceu em um aparelho de ar-condicionado que fica no quarto andar da sala de periódicos e manuscritos. A água foi escorrendo para baixo e molhando as estantes que abrigam o acervo.

O problema teria começado entre 5h30 e 6h da manhã e, segundo a biblioteca, foi detectado cerca de 40 minutos após seu início.

Ontem, era possível ver diversos varais onde os jornais (a maior parte exemplares da Folha de 2009 a 2012) foram colocados para secar.

A área de periódicos foi reaberta anteontem, mas está atendendo apenas os interessados na coleção microfilmada -os exemplares em papel só devem estar disponíveis em duas semanas.

Antes dos recentes vazamentos, a Biblioteca Nacional já tinha sofrido problemas de infiltração, em 2009.

O prédio também teve seguidas falhas de segurança: em 2010, dois exemplares inaugurais de "O Tico-Tico" (a primeira revista em quadrinhos do país) foram furtados. Em 2005, sumiram 1.096 objetos com valor total estimado em R$ 7,5 milhões.

Nos dois casos, a biblioteca não comunicou os problemas ao público.

Em sua conta no Twitter, Galeno Amorim, presidente de biblioteca, disse ter aberto "em caráter de emergência, licitação para propor troca do sistema de ar-condicionado, que já tem 50 anos".

Além dos problemas de infraestrutura, a biblioteca, desde o ano passado, vem recebendo críticas por centralizar as políticas de livro e leitura do Ministério da Cultura.

Especialistas questionam o fato de a Biblioteca Nacional se voltar a outras questões quando já tem dificuldades para cumprir sua função original de preservação.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.