Índice geral Ilustrada
Ilustrada
Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

A gente quer comida, diversão e arte

Alta gastronomia a até R$ 15, novidade desta Virada, provoca filas e confusão e revela que chefs de SP têm popularidade de popstars

Marlene Bergamo/Folhapress
Paulo Miklos, do Titãs, toca em palco da Virada na av. São João
Paulo Miklos, do Titãs, toca em palco da Virada na av. São João

DE SÃO PAULO

Novidade na Virada Cultural deste ano, as barraquinhas de chefs paulistanos vendendo alta gastronomia a preço popular provocaram tumulto e filas e mostraram que em São Paulo os grandes cozinheiros gozam de prestígio semelhante ao dos artistas que estavam nos palcos.

De quebra, escancararam uma das maiores deficiências da festa, a baixa oferta de comida nas ruas da região central nas 24 horas de atrações.

Montadas no elevado Costa e Silva, o Minhocão, as tendas serviram, da meia-noite do sábado às 18h do domingo, a no máximo R$ 15, porções de 22 chefs badalados.

Entre eles estavam Alex Atala (do D.O.M., eleito na semana passada o quarto melhor restaurante do mundo), Erick Jacquin (da brasserie que leva seu nome), Rodrigo Oliveira (do Mocotó) e Janaina Rueda (do Dona Onça).

Milhares de pessoas esperaram pelo menos cinco horas numa fila para comer, de graça, a galinhada de Atala, que começou a ser servida à 0h35 em meio a empurra-empurra e vaias. O chef chegou ao local, mas, vendo a confusão, voltou sem sair do carro.

Ontem, durante todo o dia, enormes filas se formaram nas barracas, dificultando a circulação pelo Minhocão.

A Prefeitura de São Paulo, organizadora da Virada, informou que vai rever no próximo ano o modelo do projeto "Chefs na Rua" para evitar que se repitam os problemas.

"Alta gastronomia é coisa para poucas pessoas. A imprensa deu uma superdimensão de evento de massa para um evento que não pode ser de massa. Então essa incompatibilidade tem de ser repensada para o ano que vem. Não dá para simplesmente repetir essa experiência da maneira como foi", disse o secretário municipal da Cultura, Carlos Augusto Calil.

O diretor de programação da Virada, José Mauro Gnaspini, admitiu que o frisson pegou a organização de surpresa. "Ganhou ares de grande atração popular, as pessoas se aglomeraram lá como se fosse a frente de um palco. Aí ficou impraticável."

A organização não quis fazer uma estimativa do público geral da festa. Informou apenas que possivelmente foi semelhante ao das duas últimas edições, estimado em 4 milhões de pessoas.

Com noite de sábado enluarada e o domingo ensolarado, a Virada teve novos palcos (destaque para o "Cabaré", no Copan) e grandes shows. Os mais concorridos foram os de Gilberto Gil, Os Mutantes, Titãs, Sean Kuti e Suicidal Tendencies.

A proibição da venda de bebidas alcoólica por ambulantes mais uma vez se mostrou inócua. O esquema de limpeza foi eficiente, com muitos garis durante toda a festa e 7.000 lixeiras espalhadas pelo centro paulistano.

MORTE E TIROS

Uma garota de 17 anos, cuja identidade era desconhecida até o fechamento desta edição, morreu supostamente em decorrência de overdose de cocaína. Ela estava sem documentos e em seu bolso foram encontradas 60 g da droga.

A adolescente foi abandonada por amigos na madrugada de domingo num posto de emergência no vale do Anhangabaú. Segundo a médica que a atendeu no posto, ela estava inconsciente e sem pulso cardíaco. Os médicos tentaram reanimá-la a caminho da Santa Casa, em Santa Cecília, sem sucesso. A causa da morte só será conhecida com o laudo pericial.

O policial federal Luiz Carlos Colussi de Oliveira, 31, foi atingido no abdôme, após reagir a uma abordagem policial. O policial é suspeito de atirar ainda contra um jovem de 18 anos e em um taxista e foi preso por tentativa de homicídio e resistência.

Oliveira foi ouvido pelo delegado plantonista na Santa Casa, onde permanece internado. Ele definiu o tiro no adolescente como "disparo acidental" e negou ter atirado contra o taxista e os PMs.

A emergência da Santa Casa recebeu 67 pessoas encaminhadas pelo atendimento médico da Virada, até as 17h de ontem. A maioria por consumo excessivo de álcool.

Até as 20h de ontem, a Polícia Militar registrou nove flagrantes: um por tentativa de homicídio, dois por tráfico de drogas, cinco roubos e um estelionato. Entre 1.200 pessoas abordadas, dez foram presas. (FABIO VICTOR)

Colaborou MARIANA RIOS

Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.