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A gente quer comida, diversão e arte Alta gastronomia a até R$ 15, novidade desta Virada, provoca filas e confusão e revela que chefs de SP têm popularidade de popstars
Novidade na Virada Cultural deste ano, as barraquinhas de chefs paulistanos vendendo alta gastronomia a preço popular provocaram tumulto e filas e mostraram que em São Paulo os grandes cozinheiros gozam de prestígio semelhante ao dos artistas que estavam nos palcos. De quebra, escancararam uma das maiores deficiências da festa, a baixa oferta de comida nas ruas da região central nas 24 horas de atrações. Montadas no elevado Costa e Silva, o Minhocão, as tendas serviram, da meia-noite do sábado às 18h do domingo, a no máximo R$ 15, porções de 22 chefs badalados. Entre eles estavam Alex Atala (do D.O.M., eleito na semana passada o quarto melhor restaurante do mundo), Erick Jacquin (da brasserie que leva seu nome), Rodrigo Oliveira (do Mocotó) e Janaina Rueda (do Dona Onça). Milhares de pessoas esperaram pelo menos cinco horas numa fila para comer, de graça, a galinhada de Atala, que começou a ser servida à 0h35 em meio a empurra-empurra e vaias. O chef chegou ao local, mas, vendo a confusão, voltou sem sair do carro. Ontem, durante todo o dia, enormes filas se formaram nas barracas, dificultando a circulação pelo Minhocão. A Prefeitura de São Paulo, organizadora da Virada, informou que vai rever no próximo ano o modelo do projeto "Chefs na Rua" para evitar que se repitam os problemas. "Alta gastronomia é coisa para poucas pessoas. A imprensa deu uma superdimensão de evento de massa para um evento que não pode ser de massa. Então essa incompatibilidade tem de ser repensada para o ano que vem. Não dá para simplesmente repetir essa experiência da maneira como foi", disse o secretário municipal da Cultura, Carlos Augusto Calil. O diretor de programação da Virada, José Mauro Gnaspini, admitiu que o frisson pegou a organização de surpresa. "Ganhou ares de grande atração popular, as pessoas se aglomeraram lá como se fosse a frente de um palco. Aí ficou impraticável." A organização não quis fazer uma estimativa do público geral da festa. Informou apenas que possivelmente foi semelhante ao das duas últimas edições, estimado em 4 milhões de pessoas. Com noite de sábado enluarada e o domingo ensolarado, a Virada teve novos palcos (destaque para o "Cabaré", no Copan) e grandes shows. Os mais concorridos foram os de Gilberto Gil, Os Mutantes, Titãs, Sean Kuti e Suicidal Tendencies. A proibição da venda de bebidas alcoólica por ambulantes mais uma vez se mostrou inócua. O esquema de limpeza foi eficiente, com muitos garis durante toda a festa e 7.000 lixeiras espalhadas pelo centro paulistano. MORTE E TIROS Uma garota de 17 anos, cuja identidade era desconhecida até o fechamento desta edição, morreu supostamente em decorrência de overdose de cocaína. Ela estava sem documentos e em seu bolso foram encontradas 60 g da droga. A adolescente foi abandonada por amigos na madrugada de domingo num posto de emergência no vale do Anhangabaú. Segundo a médica que a atendeu no posto, ela estava inconsciente e sem pulso cardíaco. Os médicos tentaram reanimá-la a caminho da Santa Casa, em Santa Cecília, sem sucesso. A causa da morte só será conhecida com o laudo pericial. O policial federal Luiz Carlos Colussi de Oliveira, 31, foi atingido no abdôme, após reagir a uma abordagem policial. O policial é suspeito de atirar ainda contra um jovem de 18 anos e em um taxista e foi preso por tentativa de homicídio e resistência. Oliveira foi ouvido pelo delegado plantonista na Santa Casa, onde permanece internado. Ele definiu o tiro no adolescente como "disparo acidental" e negou ter atirado contra o taxista e os PMs. A emergência da Santa Casa recebeu 67 pessoas encaminhadas pelo atendimento médico da Virada, até as 17h de ontem. A maioria por consumo excessivo de álcool. Até as 20h de ontem, a Polícia Militar registrou nove flagrantes: um por tentativa de homicídio, dois por tráfico de drogas, cinco roubos e um estelionato. Entre 1.200 pessoas abordadas, dez foram presas. (FABIO VICTOR) Colaborou MARIANA RIOS Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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