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SP-Arte atrai estrangeiros, mas compete com ArtRio

Feira começa hoje na Bienal sob concorrência dentro e fora do país

Evento concorre ainda com franquias da feira Frieze, do Reino Unido, em NY, e da suíça Art Basel em Hong Kong

SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO

Na semana passada, um exército de galeristas e colecionadores desembarcou numa ilha perto de Manhattan para a primeira edição em Nova York da feira britânica Frieze, com sede em Londres.

Parte dessa armada chega hoje a São Paulo para a oitava edição da SP-Arte, que tem início no pavilhão da Bienal.

Eles se dividem na semana que vem entre a ArteBA, em Buenos Aires, e a Art HK, em Hong Kong. Em junho, todos se juntam em Basileia para a Art Basel, a maior feira do mundo, que transforma a cidade suíça no olho do furacão da arte contemporânea.

Feiras de arte não são meras exposições. São eventos comerciais, movidos a marketing e champanhe, em que galerias se estapeiam para garantir um espaço e colecionadores vão à forra comprando tudo o que veem pela frente.

ENTRE NY E HONG KONG

Saturado dessas feiras, o calendário está apertado. "Ficamos 'ensanduichados' entre a Frieze de Nova York e a feira de Hong Kong", admite Fernanda Feitosa, diretora da SP-Arte, que decidiu mudar as datas da feira para abril no ano que vem. "Quando começamos, o mercado internacional era muito diferente."

Em 2005, o Brasil tinha uma posição ainda acanhada no cenário global das artes visuais. Foi quando Feitosa colocou de pé a primeira edição da feira. Até então, ela nem sonhava com uma concorrente interna, a carioca ArtRio, que em setembro fará sua segunda edição.

PONTE AÉREA

"É uma concorrência voraz", diz André Millan, da galeria Millan, que estará nos eventos de São Paulo e Rio. "É inevitável que estrangeiros optem entre as feiras."

Neste ano, além da ausência de colecionadores de peso, que ficarão na ponte Nova York-Hong Kong, a SP-Arte terá de enfrentar a crescente ameaça da ArtRio, que na primeira edição vendeu R$ 120 milhões -o triplo da última SP-Arte- e agora prevê faturar até R$ 150 milhões.

"Não comento números dos outros", diz Feitosa, que não quis fazer previsões para a SP-Arte de 2012.

Nos últimos oito anos, a feira triplicou: foi de 40 galerias a 112, entre elas, as poderosas Yvon Lambert, de Paris, e White Cube, de Londres.

A isenção do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para transações realizadas na feira, algo que a ArtRio conseguiu no ano passado e que a SP-Arte garantiu para essa edição, foi decisivo para atrair essas casas de fora.

Sem isso, impostos sobre uma obra de arte importada beiram 50% de seu valor, um desconto significativo para quem quiser as obras de Damien Hirst na White Cube ou esculturas de Richard Serra espalhadas pela feira.

FRANCHISING GLOBAL

Mas enquanto brasileiros tentam alavancar vendas com descontos, a disputa no mercado global, em que taxas vão de zero a 10%, é travada por franquias cada vez mais fortes de grifes já conhecidas.

É o caso da Art Basel, feira suíça que há dez anos mantém um entreposto americano, a Art Basel Miami Beach, e neste ano assume a feira de Hong Kong, de olho no alvoroço do mercado asiático.

"Depois que nos associamos a essa marca, tivemos uma procura maior de galerias estrangeiras", diz Magnus Renfrew, diretor do braço oriental da Art Basel, com 266 galerias confirmadas.

Na mesma direção, a Frieze, tradicional feira de Londres, cruzou o Atlântico e foi a Nova York, ameaçando desbancar o Armory Show, que há anos tenta se reinventar na disputadíssima Manhattan. "Estamos de olho na concentração do mercado aqui", diz o diretor Matthew Slotover. "Fomos bem recebidos."

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