Crítica / MPB

Los Hermanos faz as pazes com primeiro CD

Não confie demais nas listas de repertório espalhadas pela internet. O roteiro de músicas que o Los Hermanos apresenta na turnê que corre o país nesse semestre muda todo a cada apresentação.

Na estreia paulistana, anteontem, no Espaço das Américas, a banda pulou um bocado das grandes canções que tem mostrado por aí -como "Cadê Teu Suín-?", "Pois É" e "Além do que se Vê".

Marcelo Camelo não fez nenhuma de sua carreira individual (vinha cantando duas) e Rodrigo Amarante mostrou apenas uma das inéditas que estarão em seu álbum solo (mostrava antes um par).

Isso é sinal de saúde. Indica que os barbudos não estão ali apenas batendo cartão.

É claro que é a grana que promove reuniões como essa -só em São Paulo, foram 32 mil ingressos vendidos para quatro shows, veja bem. Mas há algum risco envolvido em fugir do repertório "sem erros" apenas para fazer show diferentes uns dos outros.

Foi essa ousadia, no entanto, que tornou o show de anteontem menor do que foram, por exemplo, as inesquecíveis apresentações no Just a Fest, em 2009, antes do Radiohead, e no SWU, em 2010.

No Espaço das Américas, a banda focou muito no primeiro álbum, homônimo, de 1999 -tocaram seis faixas dele: "Tenha Dó", "Quem Sabe", "Pierrot", "Azedume", "Aline" e o superhit "Anna Júlia".

Abandonada pela banda nos últimos anos, a última foi recebida com saudade. Era uma sensação de filho pródigo que volta, de amigo que fez as pazes. Não por acaso, foi a mais registrada pelo céu de celulares empunhados pelo público.

Mas, "Anna Júlia" à parte, as outras cinco canções de 1999 são sensivelmente menos maduras do que toda a produção da banda nos três trabalhos seguintes. Caíram bem como nostalgia, mas nem tanto como música. Não vai estar errado, entretanto, quem disser que justamente isso tornou o show especial.