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Crítica Exposição

No MAM, alemão reafirma potência poética da arte em mundo hipócrita

FABIO CYPRIANO
CRÍTICO DA FOLHA

"Nunca entendi por que é totalmente normal mostrar dois homens se matando na TV, mas dois homens se beijando é um tabu completo -e, mesmo agora, isso é apenas consentido", diz o fotógrafo alemão Wolfgang Tillmans, em entrevista que integra o catálogo da mostra que leva seu nome no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM).

Ele se refere a algumas das imagens presentes na sua exposição, em que homens se beijam. A variedade de temas contemplados pelo artista (seja em trabalhos abstratos, seja em retratos e paisagens) não impede que se divise um princípio a permear toda a sua produção: colocar em relevo ações e temas nem sempre bem vistos pela sociedade e sugerir novas percepções para eles.

Há pelo menos 20 anos, Wolfgang Tillmans tem sido referência na fotografia, em parte por trazer à tona um universo à margem, em cidades como Londres e Berlim, em parte por revolucionar a forma expositiva.

Ao lado de grandes ampliações, ele sempre apresentou fotos em pequeno formato, questionando hierarquias e valores até então atribuídos a imagens originais.

Agora, por exemplo, no MAM, posiciona algumas fotos ao lado de extintores de incêndio. Essa experimentação aponta para uma utopia dupla: a de valorizar a diversidade e de prestigiar os detalhes. Não por acaso, o nome de sua retrospectiva na galeria londrina Tate, em 2003, foi "Se Uma Coisa Interessa, Tudo Interessa".

A exposição ganha contornos de denúncia nas mesas que reúnem cópias de artigos de jornal e sites sobre preconceito contra gays ou violência contra mulheres.

Esses textos estabelecem um forte contraponto às imagens do alemão -algumas feitas no país, em lugares como as cataratas do Iguaçu ou o Sesc Pompeia, em São Paulo. Lançado mão desse contraste, ele sublinha o caráter transformador da arte, capaz de gerar poesia mesmo num mundo repleto de hipocrisia.

WOLFGANG TILLMANS

QUANDO de ter. a dom., das 10h às 17h30; até 27/5
ONDE MAM (av. Pedro Álvares Cabral, s/nº, parque Ibirapuera; tel. 0/xx/11/5085-1300)
QUANTO grátis
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
AVALIAÇÃO ótimo

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