Crítica Seriado Policial

'Fora de Controle' começa promissor, mas despacha personagens rápido demais

O início de "Fora de Controle", com sol e mar do Rio em fotografia de cartão-postal, não deixa dúvida sobre a ambição de inscrever uma ficção no espaço comum e, ao mesmo tempo, num molde distinto do das novelas.

Estamos no mesmo cenário dos folhetins da Globo, mas a abordagem quer parecer outra, paralela ou além das que consumimos todo dia.

Quando aparece o cadáver de uma jovem boiando, a associação remete a séries como "Twin Peaks" e "The Killing", que usaram esse motivo para expor universos subjacentes, obscuros, dramaticamente ricos ou polêmicos.

Após o mote promissor, a trama do primeiro episódio, exibido na última terça, deslocou-se para os bastidores da investigação, concentrando-se nas ações mais ou menos truculentas do delegado Medeiros e do policial Brandão, balanceadas pela delicadeza da policial Clarice.

Os personagens com potencial para agregar camadas e tornar o projeto mais realista e contemporâneo passaram pela história como esqueletos de roteiro, rapidamente suprimidos sem dar tempo de o espectador se interessar por eles.

Em uma ou duas cenas e três diálogos, os coadjuvantes entraram, serviram de suporte a mensagens e foram despachados.

No centro do episódio, Milhem Cortaz, Claudio Gabriel e Rafaela Mandelli fizeram o que puderam para manter o espectador acordado, com uma intriga movida pela pergunta: quem matou Tamires?

Um flashback ligeiro reconstituiu os fatos que culminaram no crime, queimando em segundos a situação mais forte do episódio, uma mistura de pedofilia e assassinato que não deve ter muita aceitação na diretoria da Record e que só foi ao ar depois da meia-noite, assim como os palavrões ditos por Cortaz.

Resta torcer para que, nos próximos episódios, o trio central perca menos tempo tentando parecer estar em "24 Horas" ou "CSI" e deixe o pau comer para valer.