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O império contra-ataca

A 65ª edição do Festival de Cannes começa hoje com briga boa entre cineastas independentes americanos e medalhões franceses

RODRIGO SALEM
ENVIADO ESPECIAL A CANNES

Há um ano, um comediante quase desconhecido fora da Europa ganhava a Palma de melhor ator por um certo filme em preto e branco sobre um astro do cinema mudo.

Ali começava a trajetória de "O Artista", longa francês que colocou Hollywood de joelhos no último Oscar, vencendo em cinco categorias -inclusive de melhor filme, ator e diretor.

O cinema norte-americano agora quer vingança. E a única forma de isso acontecer é derrotando os franceses em seu terreno mais sagrado, o Festival de Cannes.

Por isso a 65ª edição, que começa hoje e vai até o dia 27, promete ser um campo de batalha entre uma filmografia que procura sair da crise e uma outra que vive um de seus momentos mais populares -além de "O Artista", a comédia "Intouchables" é um dos maiores sucessos franceses da história, com uma renda de US$ 250 milhões (R$ 499 milhões) sem ainda nem ter estreado nos EUA.

Do lado americano, está um grupo de cineastas de sangue novo com espírito independente. Jeff Nichols, de "Mud", levou a Semana da Crítica, em 2011, e foi indicado a quatro Spirit Awards, o Oscar dos independentes. O neozelandês Andrew Dominik mostra seu terceiro filme, "Killing Them Softly", de produção ianque e com Brad Pitt como protagonista.

Os EUA ainda abrem o festival, hoje, com "Moonrise Kingdom", do "veterano" Wes Anderson ("Três É Demais"), e bancam mais dois cineastas, John Hillcoat ("Os Infratores") e Lee Daniels ("The Paperboy").

Para manter o bom momento, os franceses foram pelo lado oposto: apelaram para seus medalhões. Na liderança da tropa, Alain Resnais ("Hiroshima Mon Amour"), 89, que traz seu novo "Vous N'Avez Encore Rien Vu".

Mas a grande esperança parisiense recai sobre os ombros de Jacques Audiard. Seu violento "Rust & Bone", com Marion Cotillard, já chega sob o aval da revista especializada "Cahiers du Cinéma", que deu nota máxima ao filme sobre um boxeador lesionado.

O iraniano Abbas Kiarostami ("Like Someone in Love") e o austro-germânico Michael Haneke ("Amour") dificilmente saem do festival sem algum prêmio.

No fim da infantaria, há o maldito Leos Carax com "Holy Motors", que volta ao evento que o revelou depois de 13 anos com um novo filme.

O brasileiro Walter Salles é o embaixador da paz com "Na Estrada", adaptação de livro de Jack Kerouac, bancado tanto por investidores americanos quanto por franceses.

A competição oficial pode ser dominada por longas desses dois países, mas há nomes de peso de outros lugares. Caso do italiano Matteo Garrone, que troca o peso do mafioso "Gomorra" pela comédia "Reality".

O canadense David Cronenberg subverte o astro Robert Pattinson ("Crepúsculo") no esperado "Cosmópolis" e Ken Loach representa o Reino Unido com a comédia dramática "The Angels' Share".

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