Novo filme de Wes Anderson tem Bruce Willis e Edward Norton

Se havia uma dúvida a respeito da escolha de "Moonrise Kingdom" como filme de abertura -e dentro da competição- do 65º Festival de Cannes, ela foi dissipada na primeira exibição.

O longa de Wes Anderson ("Os Excêntricos Tenenbaums") é mais francês do que muitos filmes locais em competição -a ponto de a cantora parisiense Françoise Hardy ser a trilha de uma das principais cenas.

Estiloso e atento aos detalhes mínimos de composição de uma cena, Anderson criou um mundo à parte no cinema, uma dimensão mais colorida e mais inocente.

Uma fábula romântica, a produção "Moonrise Kingdom" mantém esses ingredientes, ganha mais coração e foi recebida com aplausos ontem, na sessão para a imprensa que abriu Cannes.

Por isso a escolha de situar a aventura de um casal de pré-adolescentes apaixonados (Jared Gilman e Kara Hayward) em fuga por uma ilha americana em 1965.

"Aqueles personagens, quando completarem 18 anos, estarão numa América diferente", filosofa o cineasta. "Tudo mudou nos Estados Unidos pouco tempo depois."

"Imagino que meu país iria para o Vietnã logo depois", confirma Edward Norton, que faz o chefe dos escoteiros em busca dos pombinhos em fuga e estreia na "família Anderson".

"Sempre foi meu sonho trabalhar com uma trupe de atores como Orson Welles e seu [grupo] Mercury Theatre", diz Norton, apoiado pelo chefe: "Sempre penso nos filmes como uma companhia teatral".

Assim como Norton, Tilda Swinton e Bruce Willis também são novas aquisições para Wes Anderson. "São atores com quem nunca havia trabalhado antes, mas queria fazer isso. Espero que fiquem disponíveis novamente no futuro", brinca o diretor, que volta a trabalhar com Bill Murray e Jason Schwartzman.

"Achei revigorante ser dirigido de uma maneira específica em um mundo no qual muitos filmes você nem mesmo ensaia", conta Willis, que faz um policial em uma ilha onde nada acontece. "Mas ele tem uma cena no estilo de 'Duro de Matar' que me matou de rir", completa Murray.

A cena é uma das muitas sequências dirigidas com originalidade refrescante em "Moonrise Kingdom", que toma seu nome e estrutura emprestados de uma música do maestro britânico Benjamin Britten (1913-1976) -bem pouco da infância do diretor.

"Há só uma cena no filme com um panfleto sobre 'como lidar com garotos perturbados'. Isso aconteceu comigo. Quando era menor, achei esse panfleto na geladeira de casa e eu era a única criança por lá. Foi assim que descobri que era o perturbado da casa", diverte-se o cineasta.

"Falo sobre memórias que eu gostaria que tivessem acontecido, mas não foi o caso."