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Opinião

Projeto limite de Neville terá hoje seu impacto preservado

GERALDO VELOSO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Falar de Neville d'Almeida é desenvolver uma observação sobre uma das mais originais trajetórias de um cineasta brasileiro contemporâneo.

Neville é um homem de afetividades. Trabalha seu processo criativo e suas influências convivência fraterna.

Foi sempre assim, desde Belo Horizonte -onde nasceu e se tornou figura marcante- até suas relações com personagens que fizeram o moderno cinema brasileiro (Rogério Sganzerla, Júlio Bressane, Eliseu Visconti, entre outros).

Sempre teve aproximações criativas ricas: Jorge Mautner, Paulo Villaça, Ezequiel Neves, Nelson Rodrigues e muitos outros que colaboraram com a sua obra multifacetada, plural, intrigante e pessoal.

Neville sempre teve uma grande capacidade agregadora de talentos em torno de si. Tinha um processo de influência existencial sobre pessoas. Sua capacidade de sedução pessoal o tornou um guru "low profile".

Neville influenciou, assim, Sganzerla e Bressane, passando uma personalidade muito própria dele, de transgressão, uma visão revolucionária da vida. Ele não tem um discurso, tem uma prática pessoal e isso o Sganzerla incorporou no roteiro do "Bandido da Luz Vermelha", por exemplo.

O que poderia ser um filme convencional, de marginalismo urbano, passou por uma revisão que deu no "Bandido" que conhecemos, algo fragmentado, cheio de poesia.

Já o artista plástico Hélio Oiticica foi um dos colaboradores que lhe deixou uma marca bastante radical.

Com ele, fez "Mangue-Bangue", um filme rodado como uma ação de guerrilha.

O impacto causado pela exibição do filme, hoje, será tão grande quanto o que causou em sua rara trajetória.

GERALDO VELOSO é cineasta e crítico

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