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Novo presidente do conselho da TV Cultura expõe plano de gestão

Belisário dos Santos Jr. defende contrato que determine repasses de recursos do Estado ao canal

Advogado diz que rede pública deve batalhar audiência: "Ninguém faz TV de qualidade para não ser visto"

Moacyr Lopes Jr./Folhapress
Belisário dos Santos Jr. na TV Cultura
Belisário dos Santos Jr. na TV Cultura

LÚCIA VALENTIM RODRIGUES
MORRIS KACHANI
DE SÃO PAULO

Belisário dos Santos Jr., 63, recém-eleito presidente do Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta, quer marcar sua gestão pelo debate do papel da televisão pública e pelo aperfeiçoamento do mecanismo de liberação da verba do governo para a TV Cultura.

Ex-secretário de Administração Penitenciária (1995) e militante dos direitos humanos, Belisário é advogado e faz parte do conselho há seis anos. Como deve continuar a defender clientes, renunciou ao salário de R$ 18 mil do cargo que assumiu na fundação.

Foi a primeira vez em mais de 40 anos que o conselho realizou uma disputa eleitoral.

Belisário, que representa o grupo ligado a João Sayad, presidente executivo da TV Cultura, teve como oponente Jorge da Cunha Lima, que exerceu três mandatos como presidente-executivo da emissora e dois à frente do Conselho Curador.

O conselho é composto por 47 membros e tem como atribuição supervisionar a qualidade da programação e a gestão administrativa do canal.

É o conselho que nomeia o presidente-executivo, cargo ocupado atualmente por João Sayad. Seu mandato vai até abril. Em junho, será escolhido o presidente da fundação. Na entrevista a seguir, Belisário expõe seus planos.

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Folha - Qual será o foco da sua gestão?
Belisário dos Santos Jr. - A ideia é aperfeiçoar o mecanismo de liberação de verbas do governo para a TV Cultura, com a implementação de um contrato de gestão. Esse contrato garantiria um diálogo mais fluente com o Estado, que atualmente paga a metade do orçamento anual da emissora, cerca de R$ 70 milhões -o resto a TV Cultura busca com receita publicitária, royalties etc.

No que consiste o contrato de gestão?
Hoje, o Estado paga principalmente a manutenção da emissora. Mas a TV não vive só disso, não se sustenta com a massa de recursos atual. O que se quer é mais investimento. E o Estado não repassa porque não sabe como vai ser utilizado. Com o contrato, você garante o que está previsto em lei [9849/1967, que determina a obrigação do governo em manter a TV] e ainda pode contemplar metas.

Para Cunha Lima, o contrato pode representar a perda de autonomia administrativa da instituição. O que o sr. acha?
Não corremos risco de estatização. Esta é uma medida leve, para otimizar o tempo. Boa parte da energia da direção é gasta negociando a condição de vida da instituição com o Estado, mês a mês. E eu já estive do outro lado. No governo, a TV muitas vezes é vista mais como problema do que como investimento.

A média de audiência está em cerca de um ponto no ibope, ou 60 mil domicílios na Grande São Paulo. Qual é a meta?
Ninguém faz TV de qualidade para não ser visto. O importante é buscar o equilíbrio entre audiência, qualidade e diversidade. Precisamos debater que rádio e televisão queremos no cenário de hoje, com a concorrência da TV a cabo e da internet. Por isso realizaremos um seminário.

Desde 2010, houve 665 demissões. Em que medida a Cultura está terceirizando a produção?
A produção própria de conteúdo é um tema sensível para a TV pública e, mesmo após as recentes demissões, a informação que tenho é que o patamar anterior foi mantido, com uma leve queda.

Já assistiu ao "TV Folha"? O que achou?
Só vi uma vez, me pareceu um modelo inteligente, mas não muito definido. É algo que está sendo trabalhado, em elaboração -isso fica até óbvio. Um programa jornalístico, para ser exibido no horário nobre de domingo [na emissora], tem que ser inovador. Tudo pode melhorar ali.

O que gosta de ver na TV?
Assisto principalmente à Cultura. Mas só à noite, após chegar em casa. Prefiro jornalísticos, debates e futebol. Novelas, só acompanhei duas: "O Bem-Amado" (1973) e "Pecado Capital" (1975).

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