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Cannes se volta para filmes românticos

Novos de Alain Resnais e Abbas Kiarostami dão uma pausa na programação violenta da primeira semana do festival

"Amour", de Michael Haneke, também foi exibido no domingo e está bem cotado para levar a Palma de Ouro

RODRIGO SALEM
ENVIADO ESPECIAL A CANNES

Se a primeira semana da 65ª edição do Festival de Cannes foi caracterizada pela brutalidade dos filmes, a segunda será marcada pela volta do romantismo. "Amour", de Michael Haneke, abriu os trabalhos no domingo com sua história de amor entre um casal de idosos.

A segunda-feira (ontem) tratou de devolver o coração a Cannes com a exibição de "Vous N'Avez Encore Rien Vu" (você ainda não viu nada), do veterano diretor francês Alain Resnais ("Hiroshima Mon Amour"), e de "Like Someone in Love", do iraniano Abbas Kiarostami.

Resnais, de volta a Cannes após ganhar prêmio pelo conjunto da obra, em 2009, filmou a clássica tragédia grega de Orfeu e Eurídice, mas, sobretudo quis fazer uma homenagem ao teatro.

No longa, vários franceses como Pierre Arditi, Anne Consigny, Sabine Azema, Lambert Wilson e Mathieu Amalric se reúnem para julgar uma encenação da peça "Eurídice", de Jean Anouilh, e terminam atuando.

"Os atores estão representando eles mesmos e, ao fazer isso, eles se lembram do próprio passado e dos fantasmas de sua memória", disse Resnais à imprensa.

A declaração de amor de Resnais ao teatro parece, inevitavelmente, um testamento do diretor que completa 90 anos em junho. Mas ele nega veementemente. "Se eu pensasse que seria visto assim, nunca teria tido a coragem de fazer esse filme."

Não faltou sentimentalismo em todas as etapas de "Like Someone in Love". O filme é sobre o amor paternal de um velho sociólogo japonês (Tadashi Okuno) e uma jovem estudante que trabalha à noite como prostituta.

E, na entrevista à imprensa, o cineasta Abbas Kiarostiami não aceitou a distância de sua tradutora, que havia sido colocada em uma cabine separada. "Eu sinto falta dela, então a quero ao meu lado", pediu o iraniano, que foi prontamente atendido.

Assim como em "Cópia Fiel" (2010), os personagens se transmutam sem muito aviso. A prostituta, que tinha um encontro marcado com o intelectual, vira sua neta, assim como o famoso escritor vira o marido de Juliette Binoche no longa anterior.

Mas "Like Someone in Love" é bem menos completo. E Kiarostami não nega. "Deixei o fim para depois e não achei outro. Pensei que os produtores fossem mandar de volta", revelou. "E não tem início também por isso. Vi que é assim que acontece na vida real, onde nada começa e termina de verdade."

Assim como " Vous N'Avez Encore Rien Vu", o longa iraniano passado no Japão não foi recebido com entusiasmo e não deve ter forças para um grande prêmio. A Palma de Ouro, nas previsões da imprensa local, está cotada para ficar com "Amour".

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