Fria recepção de últimos CDs teria motivado reclusão

David Bowie ainda tem alguma vida pública em Nova York. Vai a teatros e museus. Mas cumpre compromissos tomando cuidado para não ser fotografado, circulando em carros com vidros escuros e usando entradas privativas.

Ele acompanha a mulher, a top model somali Iman, em eventos de moda. Leva e traz da escola a filha Lexi (Alexandria, 11), mas trata de esconder a menina dos paparazzi.

Frequenta restaurantes em espaços reservados, sem contato com outros clientes. Parece gostar de ir ao escritório de seu agente, Bill Zysblat, na rua 57, onde passa horas conversando e assistindo TV com sua assistente, Coco Schwab.

Enquanto isso, os fãs ficam ansiosos por notícias de uma possível volta à produção artística. Até agora, os sinais são desanimadores.

Há cinco anos e meio sem cantar em público, manda recado por seu porta-voz dizendo que está feliz e "sem vontade de fazer turnês". Antes entusiasta da internet, parou de intervir pessoalmente em seu site oficial em 2006.

Apesar de a cirurgia para desobstruir artérias que fez após um infarto, em 2004, ser o gatilho dessa fase de reclusão, alguns jornalistas especulam que seu afastamento pode não ser apenas por problemas de saúde.

Suas aparições mais longas nesse período foram em 2009, para sessões do filme "Moon", longa dirigido por seu filho, Duncan Jones. Ele se mostrou bem animado.

Na época, seu agente disse que a fria recepção do público a seus últimos álbuns, "Heathen" (2002) e "Reality" (2003), teria mais influência em sua reclusão do que qualquer problema de saúde.

VETERANOS NA ESTRADA

Em comparação com astros de rock de sua geração, Bowie poderia ter condições de retomar a carreira. Ele tem 65 anos. Bob Dylan, 70, está em longa turnê, e Mick Jagger e Keith Richards, ambos com 68 anos, preparam mais uma excursão dos Rolling Stones.

É verdade que Bowie tem um histórico de consumo de drogas que pode estar cobrando seu preço agora. Numa entrevista à TV em 2002, ele disse que não se lembrava de algumas coisas.

"Por exemplo?", perguntou o entrevistador. "O ano de 1976", respondeu Bowie. "Olho qualquer foto dessa época e não tenho ideia de onde estava e não sei quem eram as outras pessoas!"

No ano passado, vazou na internet o disco "Toy", que Bowie gravou em 2001. Insatisfeito, na época ele engavetou o material e retrabalhou algumas músicas que saíram depois em "Heathen". "Toy" ainda é vendido na rede.

No próximo dia 6 de junho, seu álbum mais importante, "The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars", completa 40 anos.

Relançamentos especiais do disco, anunciados no ano passado, foram cancelados a pedido do próprio Bowie.

Mais combustível para alimentar especulações pessimistas sobre sua saúde.