Crítica / Terror

Novo livro de Stephen King é presente para fãs de 'A Torre Negra'

No sétimo volume, Stephen King descansou: colocou o ponto final em sua monumental saga "A Torre Negra". Qualquer leitor fiel do mago da fantasia e do terror sabe que a frase anterior não encerra toda a verdade.

O fim da trajetória do pistoleiro Roland é o reinício de sua jornada, e os portais dos mundos por onde ele vagueia com sua trupe ainda podem gerar muitas histórias.

Uma delas, anunciada já há algum tempo, acaba de chegar. Foi lançada no fim de abril, nos EUA, a edição para as massas -antes já havia saído a edição de luxo- de "The Wind Through the Keyhole" (o vento pelo buraco da chave, em tradução livre).

Apesar de ser o oitavo volume da série que trafega sem pudor pelo Velho Oeste, as mágicas de Merlin e a cultura pop moderna, não se trata de uma continuação.

No estilo de "Guerra nas Estrelas", em que o começo da história só foi contado depois de a franquia já ter faturado montes, o mais recente volume de "A Torre Negra" se insere, do ponto de vista cronológico, um pouco depois da metade da caminhada. "É o volume 4,5 da saga", diz Stephen King no prefácio.

Isso não deve assustar os não iniciados na magia de "A Torre Negra", porque "The Wind" não exige conhecimento prévio e se sustenta sozinho. De fato, a série aqui vale apenas como grife, ambiente, pano de fundo.

Durante a jornada rumo à torre negra, Roland e seu pequeno grupo de aventureiros precisam se proteger de uma iminente tempestade. No abrigo, para passar o tempo e amenizar temores, o pistoleiro conta histórias.

Narra uma de suas aventuras da adolescência, quando o pai lhe dá a missão de investigar ataques de um monstro que vinha aterrorizando uma região próxima a Gilead, onde eles viviam. Uma das quase vítimas da criatura é um menino, a quem Roland protege e, a certa altura, conta a ele uma história antiga, que costumava ouvir da mãe.

Ou seja: "The Wind" é uma história dentro de uma história grávida ainda de outra história; enfim, a versão literária das matrioscas, aquelas bonecas russas que vêm umas dentro da outras.

Presente para os fãs de "A Torre Negra", que podem mais uma vez se esbaldar no mundo fantástico de King -um híbrido de bangue-bangue e "O Senhor dos Anéis-, serve também de portal para leitores novatos.

O certo é que mobiliza multidões. Lançado no fim de abril, logo se catapultou para o topo das listas dos mais vendidos: é o primeiro entre os livros de ficção de capa dura, no ranking do "New York Times", e aparece em quarto lugar, considerando impressos e e-books. No Brasil, será lançado em novembro.