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Coleção tece a poesia dos sonhos de Neruda

"Navegações e Regressos" traz, em 3/6, a infinitude do chileno em livro inédito no Brasil

DE SÃO PAULO

"Navegações e Regressos" (1959) talvez seja um daqueles livros de poesias que acabam por testemunhar a consagração e a plenitude de seu autor, tão disposto a explorar o mundo (com as "navegações") quanto a voltar-se para si (com os "regressos").

Ainda inédita no Brasil, a coletânea é o nono volume da Coleção Folha Literatura Ibero-Americana, que chega às bancas no dia 3/6.

Pablo Neruda (1904-73) escrevia seus poemas para os amigos, cantava as flores, o Chile, a saudade, sua casa, o mito de Lênin e os elefantes.

"Venho do mar, de todos os idiomas", escreve ele. "Recolhi pensamentos, pedras, flores." A infinitude totalizante do mar e um tom forte de esperança parecem se desprender de suas poesias.

Neste seu último livro de "lirismo sem fim",sua disponibilidade em perceber a beleza escondida nas mínimas coisas prova não ter limites: "Gosto das pinças/ das tesouras,/ adoro/ as xícaras,/ as argolas,/ as sopeiras".

Mas o sentido pleno de seus "regressos" se mostra um só: a "terra de cintura fina" que ele canta em um dos poemas do volume, "Ao Chile, de volta": "Nunca fiz mais que te dar", revela o poeta.

Nesta que é a primeira tradução do livro para o português, sua poesia acaba por mostrar-se ainda mais próxima e mais sensorialmente parte de nosso imaginário.

CHEGAR E PARTIR

Tornando-se um dos mais aclamados poetas do século 20, Pablo Neruda versificou o mar, o amor e a política.

Melhor biógrafo de si mesmo, o chileno teceu em seus poemas algumas considerações sobre os sonhos, a poesia e a busca pela estética. Seus escritos representam a visão crítica do autor em relação a sua obra e reafirmam grande parte de suas preocupações políticas e sociais.

E se um poeta não pode se desvencilhar dos lugares onde viveu -e parte da vida do Nobel de Literatura de 1971 transcorreu em países estrangeiros-, seus versos buscaram viajar sem que fosse preciso deixar a amada costa de Valparaíso e apartar-se de si.

Sua morte coincide simbolicamente com a perda da democracia durante os anos sombrios sob a ditadura de

Augusto Pinochet (1973-90), quando as "navegações" adquiriram para os chilenos a ironia amarga do exílio -mas cada futuro "regresso" traria as cores da poesia de Neruda.

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