Índice geral Ilustrada
Ilustrada
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Cantoras embalam 'revanche' de Arantes

Compositor paulista tem obra relida por 20 vozes femininas de estilos e gerações variadas em um disco-tributo

Participam do CD nomes como Vanessa da Mata, Mariana Aydar, Tiê, Marcia Castro, Cida Moreira e Zizi Possi

MARCUS PRETO
DE SÃO PAULO

"Quando Elis [Regina] me viu dar papinha para a Maria Rita, no começo dos anos 80, ela ficou encantada comigo. Disse que o que tinha de mais bonito era a minha feminilidade. E que isso faria minha música perdurar. Elis estava prevendo o futuro", lembra Guilherme Arantes, 56.

Pois é. Aqui no futuro, são justamente vozes femininas que, há cinco anos, vêm trazendo a obra do cantor de volta ao repertório pop nacional.

Afastado da lista dos mais tocados desde meados dos anos 1990, o "hitmaker" paulista viu suas canções serem regravadas recentemente em álbuns de, entre outras, Vanessa da Mata ("Um Dia, Um Adeus"), Zélia Duncan ("Cuide-se Bem") e Mart'nália ("Só Deus É Quem Sabe").

Agora, a mulherada vem em mutirão a fim de provar verdadeira a profecia de Elis.

Chega às lojas nesta semana o CD "A Voz da Mulher na Obra de Guilherme Arantes", em que 20 temas dele são interpretados por cantoras de estilos e gerações variadas, como a própria Vanessa, Mariana Aydar, Tiê, Ângela RoRo, Cida Moreira, Marcia Castro, Célia e Zizi Possi.

Para Arantes, o reconhecimento crescente da qualidade de suas canções representa uma espécie de revanche.

"É a vitória da minha aposta na linguagem feminina, no sentimentalismo. Paguei caro por ela", diz. "Nos anos 80, predominava a linguagem 'cocaínica' do rock, as plateias masculinas, vestidas de preto e coturnos militares, gritando 'polícia para quem precisa'. Acabei taxado de sentimentaloide, de brega."

Vanessa da Mata diz que o sucesso alçado por Arantes nos anos 1980 pode ter contribuído com o preconceito.

"No Brasil, você não pode cair no gosto popular e ser considerado 'legal'. Se faz sucesso, deve ser brega", diz. "A música dele é atual, tem linguagem direta. Os arranjos podem ter ficado datados, mas melodia e letra são sempre muito bem construídas."

Tiê, que conheceu Arantes pessoalmente na infância, diz que sua música perdura porque reflete exatamente a personalidade do compositor. "Ele é sensível, sincero, emotivo e até inseguro", diz.

"Guilherme é intenso acima de tudo. E intensidade não é fácil de ser digerida", avalia Mariana Aydar. "Ali não tem 'caô' [truque]! Ele resiste pela força da música."

Marcia Castro concorda com suas colegas. Para ela, o ponto forte de Arantes está na construção das canções.

"Ele tem uma espécie de genialidade na criação de um pop melódico. As músicas resistem gerações", diz. "É por isso que muitas coisas de seu lado cult vêm emergindo."

A VOZ DA MULHER NA OBRA DE GUILHERME ARANTES
ARTISTA Guilherme Arantes
LANÇAMENTO Joia Moderna
QUANTO R$ 20, em média

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.