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Gabriel Villela volta a Shakespeare com novo "Macbeth" Diretor apenas evoca maldade do ambicioso personagem-título, ao invés de trazê-la à tona Remontagem de clássico adota tom menos festivo do que o da última incursão de Villela à obra do inglês COLABORAÇÃO PARA A FOLHA"A imaginação nos leva a horrores muito maiores do que aqueles que praticamos." A frase dita por Marcello Antony em "Macbeth", que estreia amanhã, sintetiza a concepção do encenador Gabriel Villela para sua terceira empreitada shakespeariana. Em cena, a maldade do ambicioso personagem-título, que passa de herói a tirano, é muito mais sugerida do que mostrada. "Gabriel insere o código do distanciamento brechtiano [que explicita os artifícios da representação para estimular a reflexão sobre aquilo que se vê] e convida a plateia a imaginar", diz Antony, o Macbeth da vez. A mesma ideia guia a composição de Cláudio Fontana para Lady Macbeth, a esposa que instiga o protagonista a galgar o trono do rei e servir-se de seu impulso homicida para interferir no destino. "Não interpreto. Faço um ator que está contando a história da personagem, o que evita o realismo", diz Fontana, que contracena com um elenco formado exclusivamente por homens (como na era elisabetana de Shakespeare) e que inclui Helio Cicero e Marco Antônio Pâmio. TRADUÇÃO SEM RIMAS Segundo Antony, a opção pela interpretação "de evocação" amplia os limites da tragédia. Para ele, quando o espectador projeta sua imaginação sobre o palco, este se torna um território de inúmeras possibilidades. Villela serve-se da tradução de Marcos Daud, que recusa as rimas sem perder a musicalidade da poética de Shakespeare. Seu desejo de encenar "Macbeth" com Antony vem desde "Vestido de Noiva" (2009), clássico de Nelson Rodrigues protagonizado pelo ator. Depois disso, o diretor realizou uma imersão no universo das tragédias, que iniciou-se de forma festiva com "Sua Incelença Ricardo 3º" (sua versão de "Ricardo 3º", também de Shakespeare) e se adensou com "Crônica da Casa Assassinada", adaptação do romance de Lúcio Cardoso, e com o clássico grego "Hécuba", de Eurípedes. A trajetória culmina em um "Macbeth" sombrio, sem o Carnaval de sons e cores de "Sua Incelença...". O diretor transforma em morais as bruxas que preveem a ascensão de Macbeth ao poder. Na mitologia grega, elas eram três irmãs que geravam os fios da vida ao determinar os destinos de humanos e deuses. A encenação de Vilela é pontuada por símbolos. O trono cênico de Macbeth é composto pela sobreposição de dois teares. São os fios tecidos pelo próprio personagem e pelas morais que vão enredá-lo na tragédia final. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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