Índice geral Ilustrada
Ilustrada
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Revista da Biblioteca Nacional vai para sebo

Sociedade de Amigos da instituição vende 100 mil exemplares encalhados da publicação a livraria do centro do Rio

Entidade diz que não doou periódicos de história feitos com subsídio público por ser difícil achar interessados

DE SÃO PAULO

A Sociedade de Amigos da Biblioteca Nacional (Sabin), responsável pela publicação da "Revista de História" da instituição, vendeu a um sebo do centro do Rio 100 mil exemplares de números encalhados da mesma.

As edições, de 2011 para trás, estão sendo comercializadas por R$ 2 cada na livraria Letra Viva.

Foi a maior venda de encalhe da "Revista de História da Biblioteca Nacional".

A Sabin é uma sociedade civil sem fins lucrativos. Apesar de se tratar de um produto comercial, a revista é subsidiada com dinheiro público, tem apoio do Ministério da Cultura e patrocínios via Lei Rouanet.

A Sabin defendeu a venda. Indagada por que o encalhe de uma publicação com tamanho potencial educativo não foi doado a escolas e instituições, a entidade disse que costuma fazer doações, mas que a revista precisa de receitas alternativas para se manter.

"Somos uma revista comercial como qualquer outra, precisamos sobreviver", disse a gerente administrativa da Sabin, Juliana Calafange.

Ela alegou ainda que, embora o faça regularmente, a Sabin enfrenta dificuldades para ampliar as doações.

"Por incrível que pareça, às vezes as instituições não querem ou não podem receber. Você poderia até nos ajudar, informando aos interessados que nos procurem."

Segundo a gerente, a verba pública representou "menos da metade, uns 40% talvez" do orçamento da revista neste ano. Ela não quis divulgar o valor do orçamento.

Tampouco foi informado o montante gerado pelo negócio. Na hipótese de cada exemplar ter saído a R$ 1 (margem de lucro de 100% para a livraria), a Sabin ganhou R$ 100 mil na transação.

"Eles fizeram uma proposta, eu fiz uma contraproposta. Foi com nota fiscal, tudo certinho", declarou o dono do sebo, Luiz Barreto.

Segundo relata o comerciante, não foi a primeira compra que fez da Sabin -no ano passado, ele já adquirira "uns 10 mil a 15 mil exemplares".

O gerente comercial da revista, Fábio Pedrosa, operador da venda, disse que, pelo acordo, o sebo não poderá revendê-las por atacado.

Pedrosa informou que a medida visa também tornar a revista mais acessível ao público. "A pessoa muitas vezes não tem R$ 8,90 [preço de banca], mas tem R$ 2."

Para ilustrar que a Sabin faz doações regulares, o gerente contou que, no ano passado, o sistema penitenciário do Estado do RJ ganhou cerca de 6.000 exemplares.

A Sabin enfrentou nos últimos meses crises relacionadas à revista, por conta de duas demissões, primeiro a de um jornalista que elogiou no site da publicação o livro "A Privataria Tucana" e, em seguida, a do editor Luciano Figueiredo, justificada pela direção da Sabin como um ato administrativo. (FABIO VICTOR)

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.