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Crítica show

Marisa redime disco fraco no palco

A cantora parte de um álbum pálido e chega a um dos mais apurados espetáculos vistos

Leonardo Aversa/Folhapress
A cantora Marisa Monte em show que fez na última sexta, no Teatro Guaíra, em Curitiba
A cantora Marisa Monte em show que fez na última sexta, no Teatro Guaíra, em Curitiba

MARCUS PRETO
ENVIADO ESPECIAL A CURITBA (PR)

Mesmo quando lança álbuns menos inspirados e inovadores, Marisa Monte usa o palco para fazer sua redenção. E reiterar por que é, ainda hoje, 24 anos depois da estreia fonográfica, artista de ponta na música brasileira e modelo de arte/negócio perseguido por quase todo mundo que veio depois dela.

"Verdade uma Ilusão", turnê que a cantora estreou na sexta-feira em Curitiba, é o mais bem-acabado exemplo disso -vem a São Paulo no dia 21/6 para quatro semanas no HSBC Brasil. Parte de um disco pálido: "O Que Você Quer Saber de Verdade" (2011). E chega a um dos mais apurados espetáculos vistos.

A música tem a ver com isso, claro. Mas ela não é a estrela principal do show.

O cerne da montagem está no inacreditável aparato visual que acontece em torno da música, enquanto ela é produzida -Marisa soube transcender o velho truque do "show com projeções".

Dispôs, em camadas, uma bem-armada trama de cortinas pelo palco -atrás dos músicos, ao lado deles e, em alguns números, até entre a cantora e o público.

E, com impecável jogo de luzes e espelhos, criou as situações mais adequadas -e sempre surpreendentes- para cada canção, podendo resultar em um quase efeito 3D ou imagens que nascem no centro do palco e vão invadindo as paredes da plateia.

Essas projeções surgem a partir de obras de artistas plásticos brasileiros contemporâneos. Trabalhos de Luiz Zerbini, Alexandre Brandão, Cao Guimarães e Rivane,

Janaina Tschäpe, Arnaldo Antunes, Marcos Chaves, José Damasceno, Mana Bernardes, Thiago Rocha Pitta, Marilá Dardot, Guilherme Peters, Jonathas de Andrade e Ticiano Monteiro.

A música saiu ganhando, já que as imagens bem escolhidas dão novos significados a elas -e nunca os mais óbvios, como é hábito nesse tipo de recurso visual.

A banda afiada inclui Dengue (baixo), Pupillo (bateria) e Lucio Maia (guitarra) -o power trio da banda pernambucana Nação Zumbi, que também participou do disco-, além de Dadi (guitarra), Carlos Trilha (teclados) e um quarteto de cordas.

Canções do disco cresceram no palco -ela fez apenas oito das 14, ufa! (Veja repertório completo ao lado.)

Citou Cássia Eller antes de cantar "ECT" ("Sinto falta dela como referência") e Arnaldo Antunes em "Beija Eu" ("Ele foi a primeira pessoa de quem eu quis me aproximar para fazer música").

Fez tudo isso, mais canções Tribalistas e repertório de todos os seus álbuns. Todos, menos o primeiro.

Em troca, recriou "Sono Come Tu mi Vuoi", sucesso da cantora Mina Mazzini, "uma verdadeira diva da música italiana". Nessa, parecia a Marisa de 1988, que se lançava com repertório tido como "eclético". Foi a canção mais aplaudida da noite.

Se o disco "O que Você Quer Saber de Verdade"

prendia Marisa no passado, o show "Verdade uma Ilusão" tira a cantora de qualquer amarra temporal. No palco, ela foi tudo -passado, presente e futuro.

MARISA MONTE
AVALIAÇÃO ótimo

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