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Editoras de gibis apostam em minorias, com foco na sexualidade de super-heróis

DIOGO BERCITO
DE SÃO PAULO

Não, não é o Robin. Ele continua no armário da Batcaverna. Agora, à notícia.

A editora DC Comics confirmou os rumores de que Alan Scott, o Lanterna Verde original, apresentará nesta semana aos leitores seu namorado -que se chama Sam.

O clima nos quadrinhos está melhorando para os personagens gays. Talvez pelo fim da política de "Don't Ask, Don't Tell" (não pergunte, não conte), recém-extinta no Exército dos Estados Unidos. Ou, quem sabe, pelo discurso do presidente Barack Obama, em maio, apoiando casamento entre homossexuais.

Fato é que o paradigma está menos rígido, e o tema da sexualidade está sendo discutido entre esses vigilantes de roupa justa e colorida.

Em maio, o mutante Estrela Polar, da editora Marvel, casou-se com o namorado. Em janeiro, Kevin Keller havia se casado, também, nos gibis de "Archie" (espécie de "Turma da Mônica" nos EUA).

Apresentar a sexualidade de Alan Scott é uma jogada mais ousada. Ao contrário de Estrela Polar, o Lanterna Verde original é um herói de primeiro escalão, o que envolve mais riscos para a editora.

Criado em 1940, Alan Scott usou seu anel mágico para combater o crime na chamada "Era de Ouro" dos gibis.

Ao ser recriado em 1959 como Hal Jordan, o Lanterna Verde tornou-se um dos heróis mais importantes da indústria americana de HQs. Ele estrelou o seu próprio filme no ano passado, com a atuação de Ryan Reynolds.

O brasileiro Ivan Reis, que desenhou as histórias de Hal Jordan nos últimos anos, assina as capas da revistinha "Earth 2", em que a revelação de Alan Scott será publicada.

Tanto foi uma jogada ousada por parte da editora que, na semana passada, associações conservadoras fizeram uma campanha para que a DC cancelasse a revelação.

"Eles querem doutrinar mentes jovens e impressionáveis ao colocar esses personagens gays sob uma ótica

favorável", escreveu uma associação de mães cristãs.

Mas a indústria dos quadrinhos está preocupada com um vilão mais assertivo do que o repúdio maternal -a queda nas tiragens de gibis.

O campeão de vendas de abril foi uma história dos X-Men, com 160 mil cópias. Vale lembrar que os mesmos mutantes venderam 8 milhões de exemplares nos anos 1990.

Dessa maneira, conforme as HQs perdem leitores, os editores repensam o cânone.

Incluir minorias parece ser uma estratégia bem-sucedida. A Marvel transformou o Homem-Aranha -em uma linha de história paralela- em metade negro, metade hispânico. Ambos são grupos sociais em ascensão nos EUA.

No Brasil, os gibis da "Turma da Mônica" também acolheram a diferença, recebendo personagens como o cadeirante Luca e a cega Dorinha.

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