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O texto abaixo contém um Erramos, clique aqui para conferir a correção na versão eletrônica da Folha de S.Paulo Ator encerra série inspirada em Pirandello Adaptado do último romance assinado pelo escritor italiano, solo "umnenhumcemmil" leva Cacá Carvalho a festival em MG Monólogo conclui a trilogia do intérprete iniciada em 1994 com o espetáculo "O Homem com a Flor na Boca"
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Cacá Carvalho abriu a porta para Luigi Pirandello (1867-1936) há quase 20 anos, quando encenou "O Homem com a Flor na Boca", início da trilogia sobre a obra do autor italiano que se encerra agora com "umnenhumcemmil". Adaptado do último romance do italiano, o solo será a primeira estreia da história do FIT-BH (Festival Internacional de Teatro Palco e Rua), cuja 11ª edição começa neste sábado. A peça entra em cartaz em São Paulo em agosto, no Sesc Bom Retiro. Vencedor do Prêmio Nobel de Literatura em 1934, o dramaturgo não demorou para "retribuir" a gentileza de Carvalho. Após assistir a "O Homem com a Flor na Boca" em Roma, Alessandro D'Amico, herdeiro da obra do escritor, sugeriu ao ator paranaense a montagem de um solo a partir de novelas pirandellianas. Entregou a Carvalho 365 delas, contidas no livro "Novelas para um Ano". Três delas originaram a peça "A Poltrona Escura" (2003). A porta da casa de Pirandello foi literalmente aberta quando D'Amico convidou o ator a apresentar o monólogo na sala romana onde vivia o autor. "Abri a porta para Pirandello, e ele a arrombou com força", diz Carvalho. Ele inicia, com "umnenhumcemmil", as comemorações de seus 60 anos de vida e 25 de pesquisa com o respeitado coletivo italiano Fondazione Pontedera Teatro. Foi de Roberto Bacci, diretor do Pontedera e dos espetáculos que compõem a trilogia pirandelliana, a sugestão de encenar "O Homem com a Flor na Boca" em 1994, primeira imersão de Carvalho no universo do autor italiano. Segundo o ator, a afinidade foi imediata. "A cada dia que passa Pirandello parece espelhar mais a realidade contemporânea. Ele fala da crise de identidade do homem e de suas tentativas de parecer aquele que não é", acredita. Em "umnenhumcemmil", uma observação banal dá origem a um questionamento existencial profundo. Quando a mulher do protagonista comenta que o nariz dele é torto, o personagem se dá conta de que nem ele próprio se conhece. "Ele percebe que não é mais o 'um' que imaginava. Quer acabar com a imagem que os outros têm dele e ser nenhum", diz Carvalho. "Nós acreditamos ser um, mas somos cem mil e, no final, seremos nenhum." A carreira internacional de Carvalho foi projetada por tipos como o personagem sem caráter de "Macunaíma" (1978), adaptação de Antunes Filho para a obra homônima de Mário de Andrade, e o onceiro de "Meu Tio, o Iauraretê" (1986), versão do conto de Guimarães Rosa. Desta vez, o ator experimenta o desafio de encarnar um "nenhum". "Nunca tinha feito um anônimo, um cancelado, que rejeita qualquer história. Se eu não estivesse vivendo esse personagem e me perguntassem se é possível fazê-lo, diria que não."
UMNENHUMCEMMIL |
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