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Coleção traz a força verborrágica da obra de Raduan Nassar

"Um Copo de Coléra", do autor brasileiro, narra o confronto raivoso entre um casal

DE SÃO PAULO

Em uma manhã qualquer, depois de uma noite de amor, quando a aparente harmonia entre um casal se rompe, a crueldade de ambos se verte em um festival de acusações sem sentido.

É da profusão dos sentimentos mais íntimos que se forma a prosa de "Um Copo de Cólera", romance do escritor brasileiro Raduan Nassar e 11º volume da Coleção Folha Literatura Ibero-Americana, que chega às bancas no próximo domingo, dia 17.

Sozinhos em um sítio, sem testemunhas de sua quebra de convenções sociais, os personagens passeiam entre períodos de silêncio e rompantes de verborragia, em que a recriação da linguagem coloquial se aproxima da poesia.

De frases tensas e contundentes, o romance traz, em cada diálogo, a energia concentrada que faz um encontro amoroso degenerar-se em um acesso de fúria.

"A razão jamais é fria e sem paixão", diz a certa altura o sarcástico narrador dessa história de desamor, cujo título sintetiza a força simbólica desse encontro.

E sem o conforto do recuo histórico -o livro foi escrito em 1970 e publicado em 1978, três anos após a consagração com "Lavoura Arcaica"-, Nassar expõe as contradições da geração atingida pelo regime militar (1964-85).

"Vertendo bílis nas palavras", o autor modula, por meio de seu raivoso narrador, um discurso que vai do chulo ao elevado, fazendo das dezenas de páginas um ponto original da literatura.

Nassar optaria ele próprio por viver isolado em um sítio, como se direcionasse sua cólera à vida em sociedade e suas convenções contraditórias.

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