Novo filme mostra Homem-Aranha sombrio

O ator Andrew Garfield, 28, sabe como o Homem-Aranha se sente. Não, ele não foi picado por uma aranha geneticamente alterada e ganhou superpoderes. Garfield entende a essência do personagem: por baixo da máscara vermelha, há um garoto tentando atravessar a adolescência.

Nascido em Los Angeles (EUA), mas criado em Surrey, perto de Londres, Garfield teve uma infância complicada na escola inglesa, onde sofreu bullying dos mais velhos até os 12 anos.

"Me identifico com o personagem. Sempre fui magricela", conta à Folha o ator que, em "O Espetacular Homem-Aranha", assume o papel do herói no lugar de Tobey Maguire, protagonista dos três filmes anteriores da franquia. O longa estreia no Brasil em 6 de julho.

"Qualquer um que tenha experimentado bullying na vida sabe o quão prazeroso é, no fim das contas, levar a melhor", desabafa Garfield, cujo papel mais conhecido até aqui foi o do brasileiro Eduardo Saverin, cofundador do Facebook, no oscarizado "A Rede Social" (2010).

"Peter Parker [alter ego do mascarado] é um adolescente maltratado, sem forças para enfrentar valentões. Quando ganha poderes, é natural que sua reação seja meio sádica: divertida na superfície, mas sombria por baixo."

As primeiras imagens do filme de Marc Webb, diretor do hit indie "(500) Dias com Ela" que substitui Sam Raimi no comando da franquia, confirmam a tese do ator.

Em uma sequência mostrada à imprensa em Cancún (México), Parker se vinga de maneira desproporcional dos colegas de colégio. Em outra, já metido no uniforme do aracnídeo, o personagem maltrata um ladrão de carros de forma humilhante.

"Esse aspecto sempre esteve nos quadrinhos. Quisemos explorar o lado divertido e o perigoso de um garoto ter superpoderes", diz Garfield.

ANTES DA FAMA

"O Espetacular Homem-Aranha" abre novo capítulo da série, dez anos depois de Tobey Maguire assumir o herói em "Homem-Aranha". Para o personagem, entretanto, o tempo não passou. Retrocedeu. "Queríamos mostrar em detalhes Parker antes de virar o Homem-Aranha", justifica o produtor Avi Arad.

Como o protagonista surge sem máscara em boa parte do filme, Garfield não pôde recorrer tanto a dublês e precisou treinar por quatro meses seguidos, dividindo-se entre trabalho corporal, ginástica e ensaios com cabos de aço para as cenas perigosas.

A dedicação do ator, no entanto, quase terminou em tragédia. Na cena em que o Homem-Aranha persegue o novo vilão, o Lagarto (Rhys Ifans), pelos esgotos de Nova York, Garfield ficou alguns minutos sem respirar por causa da máscara molhada. "Foi a coisa mais assustadora do mundo", lembra.