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Mostra revisita as cores do cineasta indiano Satyajit Ray Retrospectiva de filmes, que começa hoje em São Paulo, relembra a trajetória do renomado diretor morto há 20 anos INÁCIO ARAUJOCRÍTICO DA FOLHA É bom saber, logo de início, que nada existe em comum entre o cinema de Satyajit Ray (1921-1992), que o cine Olido homenageia a partir de hoje com uma retrospectiva alusiva aos 20 anos de sua morte, e a hoje célebre indústria de filmes de Bollywood. A trajetória desse cineasta oriundo de uma família ilustre de intelectuais indianos foi, para começar, pontuada por dificuldades financeiras (decorrentes da morte do pai, quando o diretor tinha dois anos) e de encontros ilustres. Começa em 1949, quando foi assistente da produção indiana de Jean Renoir, "O Rio Sagrado", e passa pela oportunidade que teve de assistir a "Ladrões de Bicicletas", de Vittorio de Sica, que muito o impressionou. Suas influências seguem pela impressão que causou a John Huston com seu primeiro filme, "A Canção da Estrada", de 1955, e que, de certa forma, abriu-lhe as portas para um reconhecimento internacional, que teve no Oscar honorário ganho em 1992 -poucos meses antes de sua morte- seu ponto mais alto. A mostra passeia por alguns momentos fundamentais para o cinema de Ray, exibindo tanto "O Rio Sagrado" como "Ladrões de Bicicletas". Mais modestamente, a retrospectiva exibe também o documentário "O Pai do Cinema Indiano", do também indiano Shyam Benegal. Além disso, existem os filmes de Ray propriamente ditos, e a retrospectiva traz "A Canção da Estrada", "O Invencível", de 1956, e "O Mundo de Apu", 1959, trilogia inaugural que tem por centro o personagem Apu, desde a infância, percorrendo sua busca pelo crescimento econômico e espiritual. Embora mais célebre, a trilogia talvez não supere a beleza de "O Salão de Música", notável filme de 1958 em que a tradicional cultura das castas é contestada pela realidade econômica. Seu legado é ainda fundamentalmente marcado por "Os Jogadores do Fracasso", de 1977, centrado em dois amigos enxadristas que permanecem indiferentes à invasão de seu país pelas tropas inglesas: fixam-se exclusivamente em seu jogo. E se a exibição desses filmes tem o inconveniente de ser feita em DVD, inconveniente apenas mitigado pelo preço camarada (R$ 1), "Os Galhos das Árvores", de 1990, seu penúltimo filme, está prometido para ser exibido em formato de película.
20 ANOS SEM SATYAJIT RAY |
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