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Crítica / MPB

Álbum ao vivo sintetiza história nova e antiga do cantor, compositor e violonista

AS SUTILEZAS DESCOBERTAS NO MAIS RECENTE DISCO DE INÉDITAS PERMANECEM AQUI, NAS NOVAS LEITURAS DE SEUS CLÁSSICOS

MARCUS PRETO
DE SÃO PAULO

São 40 anos desde "Agnus Sei", primeira música gravada por João Bosco. São também 70 de vida de Milton Nascimento, intérprete dessa canção no álbum ao vivo que Bosco lança agora, para comemorar o aniversário -mais 40 do maior clássico de Milton, o "Clube da Esquina". E -como esquecer dela?- 30 anos sem Elis Regina, a grande propagadora da música de um e de outro. E de muitos.

Esses projetos lançados em datas redondas soam, à primeira vista, como truque para embalar velhos hits e vendê-los, de novo, aos fãs.

Esse "40 Anos Depois" de Bosco passa longe disso.

É que, no ótimo "Não Vou pro Céu, mas Já Não Vivo no Chão" (2009), seu álbum de inéditas mais recente, o cantor, compositor e violonista redefiniu seu canto, sua composição, seu violão. Era uma atitude radical de amansar e tornar mais delicados os trejeitos instrumentais e vocais que, no decorrer desses 40 anos, ficaram identificados como o "estilo João Bosco".

Não que esse estilo tão original fosse agora inadequado. Nunca. Era o caso do artista consagrado apostando no risco, em sair de sua zona de conforto e confrontar sua música, seu público e a si próprio. Quantos fizeram isso?

Bem, um bocado das sutilezas descobertas ali permanece aqui, nas novas leituras de seus clássicos, como "Caça à Raposa", "Trem-Bala" e "Bodas de Prata".

Mas, no contexto desse trabalho, elas nem importam tanto. Valem mais as versões de Bosco para o cancioneiro que o influenciou, que o ajudou a criar e depois desmontar o "estilo João Bosco".

Canções de Milton Nascimento ("Tarde", "Lilia"), Tom Jobim ("Fotografia", "Ligia"), Chico Buarque ("Bom Tempo"), Paulinho da Viola ("Tudo se Transformou") e Noel Rosa ("Pra que Mentir").

Nessas, Bosco sintetiza seu trabalho de antes, de agora e de depois. Mais síntese que isso, só na faixa de abertura, em que Milton Nascimento recria a seminal "Agnus Sei", de Bosco, gravada por Elis Regina. A história está toda ali.

40 ANOS DEPOIS
ARTISTA João Bosco
LANÇAMENTO MP,B/Universal
QUANTO R$ 30 (CD) e R$ 40 (DVD), em média
AVALIAÇÃO bom

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