Festival Cena Brasil Internacional começa hoje em SP

Histórias contadas fora do palco, em um espaço sem a utilização de iluminação, cenário ou figurino apropriados. Narrativas compartilhadas como na Escócia do século 17, em mesas de bares, entre um gole de bebida e outro, através de falas rimadas.

Sucesso no Festival de Edimburgo, "A Estranha Ruína de Prudencia Hart" é destaque no Cena Brasil Internacional, cuja programação paulistana começa hoje.

Criação do Teatro Nacional da Escócia, a peça lança um olhar sobre as chamadas baladas de fronteira (cultura de declamação de poesias tradicional naquele país), relatando um percurso de autoconhecimento por meio de narrativa em tom de conto de fadas.

Prudencia é uma estudiosa das baladas de fronteira, fechada em um mundo ditado por regras e tradições. O encontro com seres sobrenaturais e com um acadêmico que defende a influência de artistas pop no universo das baladas lhe é transformador.

"Ela é uma espécie de Chapeuzinho Vermelho, que se perde na floresta, onde vive aventuras que abrem sua mente e afloram sua sexualidade", diz Roberta Doyle, uma das diretoras do grupo.

O espetáculo é encenado na sexta (15) e no sábado (16), no restaurante Pacha Ynti Bar (r. Treze de Maio, 192; tel. 0/xx/11/3257-9556). E é comum que o grupo se apresente em espaços não convencionais.

Em seis anos de vida, a companhia vencedora de 37 prêmios já transformou em palco uma floresta, um prédio abandonado e uma igreja. "Fora da sala de teatro, o público tira sua casca protetora e se entrega com maior facilidade a propostas experimentais", acredita Doyle.

Outro destaque do Cena Brasil Internacional é "Três Velhas", espetáculo do grupo belga Point Zero. Nele, o universo grotesco da obra homônima do chileno Alejandro Jodorowsky é enfatizado por meio da manipulação de bonecos que se parecem com seres humanos em estado de putrefação.

Entre os brasileiros, o foco recai sobre "Isso Te Interessa?", peça da Cia. Brasileira de Teatro que, após se apresentar no festival, faz temporada no Sesc Belenzinho.

No espetáculo, adaptação de Marcio Abreu para "Bon, Saint-Cloud", da francesa Noëlle Renaude, a história de uma família distante de seu ideal de felicidade é apresentada por atores que ora encarnam personagens, ora narram as ações destes.