Contrariando seu vanguardismo, Sónar apela para elenco estrelado

A vanguarda musical, a julgar pela escalação do Sónar 2012, anda atirando para todos os lados.

O festival de "música avançada" de Barcelona, na Espanha, de veia eletrônica e um dos mais prestigiosos eventos sonoros do verão europeu, começou menor ontem, para engatar forte hoje e amanhã, com um elenco que causa estranheza.

A polêmica cantora pop Lana del Rey, os veteranos, semiaposentados e algo roqueiros do New Order e o grupo de hip-hop e soul music The Roots são os principais nomes do evento.

Lana del Rey, o mais recente furacão da música jovem e que se apresenta hoje à noite no festival, é o nome mais comentado deste ano, para o bem e para o mal.

Jovem que construiu fulgurante fama na internet -meio pelo qual sofreu, na mesma medida, um verdadeiro linchamento midiático-, a cantora traz seu pop em tom antiguinho, como uma cantora de cabaré dos anos 1950 com um pé no hip-hop.

Desde que surgiu com força no ano passado, Del Rey cantou em programas de auditório cafonas da Europa, em piscinas de hotéis, no humorístico "Saturday Night Live" americano e no popularesco "American Idol".

Sua bela voz de diva é emprestada agora ao "eletrofuturismo" do Sónar.

"Concordo que Lana Del Rey faz parte de um universo à parte do Sónar. Contudo, a própria evolução do conceito de 'música avançada' justifica atrações que não seriam esperadas no festival", diz Marcos Boffa, um dos diretores artísticos do Sónar SP, a versão brasileira do evento espanhol, que teve lugar em maio passado.

OUTRAS ESTAÇÕES

"Vale lembrar que há três anos a concorrência do Primavera Sound faz com que o Sónar se repense", argumenta Boffa, referindo-se ao outro grande festival que tem Barcelona como palco, e que reuniu há duas semanas mais de 200 atrações, a maioria de música eletrônica.

Um dos argumentos para justificar a presença de Lana Del Rey em um festival específico como o Sónar é a enorme quantidade de remixes, oficiais ou não, criados para suas músicas e tocados nas pistas de dança de clubes por todo o mundo.

A vocação do festival para apresentar artistas do futuro, ou de um presente marcante da música eletrônica atual e suas ramificações, continua representada apenas na parte menos badalada da programação.

Grandes atrações como James Murphy, Hot Chip, Simian Mobile Disco, Metronomy, Friendly Fires, Richie Hawtin e o velho Fatboy Slim se encontram com Maya Jane Coles, Nicolas Jaar, xxxy, James Blake, Flying Lotus, Totally Enormous Extinct Dinosaurs, entre outros.

O evento terá ainda shows dos brasileiros Psilosamples, Dago, Ricardo Donoso e Amon Tobin, como parte de um intercâmbio com a filial paulistana do festival.