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Peça colombiana apresentada no FIT transforma público em voyeur

Em festival de teatro mineiro, plateia observa intimidade de uma família através de uma janela de vidro

Reestreia de "Romeu e Julieta" e performance de Olivier de Sagazan são outros destaques da programação do evento

GABRIELA MELLÃO
ENVIADA ESPECIAL A BELO HORIZONTE

O trabalho do grupo colombiano La Maldita Vanidad é um dos pontos altos da programação da 11ª edição do Fit-BH (Festival Internacional de Teatro Palco e Rua de Belo Horizonte), que se estende até domingo.

Na "Trilogia sobre Alguns Assuntos de Família", o grupo dirigido pelo jovem autor e diretor Jorge Hugo Marín faz radiografias cômicas sobre a sociedade colombiana.

As três peças que compõem a obra visam rever o papel do plateia, transformando espectadores em voyeurs.

O público acompanha ações como se olhasse pelo buraco de uma fechadura. Assiste a cenas tão prosaicas quanto íntimas, muito próximo do palco.

Em "El Autor Intelectual", a primeira obra, de 2009, os espectadores observam a sala de uma casa atrás de uma janela de vidro que dificulta a visão, dando a sensação de que a plateia observa a vida de uma família real.

"Queria modificar o tipo de conexão existente entre atores e também a sensação de estar numa sala de espetáculo. O teatro passa a ser um caso da vida", diz Marín.

Outro destaque do FIT é Olivier de Sagazan, que transformou o próprio corpo em obra de arte.

Esse ex-pintor nascido no Congo e residente na França trocou as telas pelo corpo, a tinta pelo barro, modificando por meio de performances sua constituição física.

"Antes meus questionamentos existenciais eram expostos em quadros. O teatro me ajuda a vivificar esta discussão", observa ele.

Em sua série "Transfiguration", Sagazan retrata um homem em busca de uma imagem mais sintonizada com sua essência.

Parece nunca se satisfazer com os novos rostos ou partes do corpo que esculpe em si. O artista cita uma frase de Antonin Artaud (1896-1948) para explicar sua obsessão.

"O rosto humano ainda não encontrou sua expressão verdadeira, e é o pintor que tem o poder de revelá-la."

A reestreia brasileira de "Romeu e Julieta", montagem de Gabriel Villela que projetou o Grupo Galpão no Brasil há 20 anos e foi refeita para comemorar os 30 anos da companhia, também movimentou o festival mineiro.

Um público massivo ovacionou as apresentações e chegou a cantar "Parabéns a Você" para o grupo mineiro.

A repórter GABRIELA MELLÃO viajou a convite do festival.

ROMEU E JULIETA
QUANDO 23/6 e 24/6, às 16h
ONDE Parque Ecológico da Pampulha (av. Otacílio Negrão de Lima, 7.111; Belo Horizonte)
QUANTO grátis
CLASSIFICAÇÃO livre

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