Índice geral Ilustrada
Ilustrada
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Morte de Horacio Coppola fecha ciclo de ouro da arte argentina

Fotógrafo morto aos 105 anos na segunda-feira registrou transformações da Buenos Aires da década de 1930

Artista buscou retratar monumentos, esquinas e avenidas com paixão geográfica, além de gestos, olhares e roupas

SYLVIA COLOMBO
DE BUENOS AIRES

A Argentina perdeu, na segunda, o último remanescente importante de uma época de ouro em suas artes, as décadas de 30 e 40 do século 20.

Morreu em Buenos Aires o fotógrafo Horacio Coppola, às vésperas de completar 106 anos. Amigo dos escritores Jorge Luis Borges, Ezequiel Martínez Estrada e Leopoldo Marechal, do pintor Xul Solar e da mecenas das artes Victoria Ocampo, Coppola realizou seu aprendizado na Europa, onde entrou em contato com as vanguardas.

Teve forte influência sobre ele a escola alemã Bauhaus.

Munido de sua máquina Leica, voltou à Argentina e passou a perambular pelas ruas. O resultado foi seu trabalho mais importante, o livro "Buenos Aires 1936: Visión Fotográfica", feito por encomenda do governo local.

Suas fotos da época mostram a cidade, que refletia um momento de apogeu econômico, em pura transformação.

As massas passavam a integrar a paisagem e o homem começava a ter seu espaço redefinido. Buscou simetrias, retratou avenidas, esquinas e monumentos com paixão geográfica e também olhares, detalhes de roupas, gestos.

Em 2010, o museu Lasar Segall, de São Paulo, realizou uma mostra com imagens de Buenos Aires por Coppola e da capital paulista, pela suíça Hildegard Rosenthal.

O olhar modernista de ambos expôs como as cidades cresciam de modo relativamente semelhante, ao mesmo tempo deixando entrever as razões por que se tornariam tão diferentes no futuro.

Desde a morte de sua última mulher, em 2004, Coppola tinha saído de cena e quase não compareceu às homenagens dos seus cem anos, em 2006, quando o Malba (Museo de Arte Latinoamericano) organizou uma grande retrospectiva de sua obra.

Segundo relatos, passou seus últimos meses no apartamento da rua Esmeralda. Recebia poucos visitantes e ouvia música, principalmente Mozart e Beethoven.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.