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Novas peças marcam centenário de Nelson

Com as tragédias 'Boca de Ouro' e 'A Falecida', Marco Antônio Braz pretende popularizar ainda mais obra do autor

Luís Artur Nunes teatraliza oito contos jornalísticos do escritor em "Rodriguianas: Tragédias para Rir"

GABRIELA MELLÃO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Nelson Rodrigues com carnaval e futebol. Para o grande público, é batata. Segundo o encenador Marco Antônio Braz, esta é a equação perfeita para que este autor considerado o maior do país, cujo centenário de nascimento se comemora este ano, se torne ainda mais popular.

Para ampliar as plateias rodriguianas, Braz escolhe montar "Boca de Ouro" e "A Falecida", duas tragédias cariocas célebres de Rodrigues (apresentadas simultaneamente, em dias alternados), com protagonistas que possuem tanto talento quanto apelo midiático, grande elenco e em sessões gratuitas.

Contextualiza num sambódromo a primeira peça, protagonizada por Marco Ricca, em cartaz a partir de amanhã. Sua versão de "A Falecida", que estreia dia 6, se desenrola num estádio de futebol, com Maria Luisa Mendonça e Lucélia Santos se revezando nos papeis principais. "Quero abrir um diálogo com a plateia" diz o diretor à Folha.

O desejo de Luís Artur Nunes é o mesmo. O diretor se debruça sobre a obra literária. Estreia na semana que vem "Rodriguianas: Tragédias para Rir", peça protagonizada por Marcos Breda e Fernanda D'Umbra" que teatraliza oito contos extraídos da coluna "A Vida como Ela É", mantida por Rodrigues no jornal Última Hora, nos anos 50. "Busco nos contos do autor, que em nada ficam a dever a sua criação dramatúrgica, uma experiência de forte impacto e grande comunicabilidade", afirma ele.

Tanto Braz como Nunes se inspiram no teatro brechtiano e optam por desprezar a ilusão teatral. Também conservam a essência melodramática dos textos buscando enfatizar a emoção da cena.

"Braz nos deixa crus sobre o palco, no melhor sentido do termo. Faz um teatro limpo, despido de artifícios e ousado", fala Maria Luisa Mendonça. "Tudo o que eu fiz até hoje se desemboca nestas duas produções", diz Braz.

Enquanto este diretor busca uma encenação essencial, Nunes trilha o caminho inverso, apostando na visualidade do espetáculo. Transforma seus oito atores em contadores de histórias que se apoiam em inúmeros recursos teatrais, como máscaras e bonecos, para estimular a fantasia da plateia.

Desde os anos 1990, Nunes se dedica a transpor ao palco crônicas de Rodrigues e Braz a encenar suas peças -já realizou duas mostras rodriguianas, uma delas abrindo as comemorações do centenário, no ano passado, no Teatro Arena.

Segundo Braz, Rodrigues sobrevive ao tempo fazendo seus espectadores refletirem sobre tabus, hipocrisias e medos. "A obra de Nelson é transformadora tanto na forma quanto no conteúdo, e absolutamente necessária para a compreensão do Brasil, do brasileiro e do ser humano em si -e não de uma determinada classe e seus costumes, como já se pensou."

BOCA DE OURO
QUANDO estreia amanhã, às 20h30; temporada até 25/11, de qui. a dom., alternando dias com "A Falecida"; veja horários em www.sesisp.org.br/cultura
ONDE teatro do Sesi (av. Paulista, 1.313, tel. 0/xx/11/3146-7406)
QUANTO grátis (qui. e sex.); R$ 10
CLASSIFICAÇÃO 14 anos

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