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Cinema Crítica Animação 'Era do Gelo 4' demonstra cansaço da franquia Estreia bate recorde de salas; primeiro filme sem Carlos Saldanha nos créditos parece ter entrado no piloto automático RICARDO CALILCRÍTICO DA FOLHA Desde seu primeiro episódio, a franquia "A Era do Gelo" sempre teve um diferencial bem específico, algo que a elevava acima da média das animações atuais: o esquilo Scrat e sua desastrada busca pela noz perdida. Digno herdeiro do coiote do "Papa-Léguas", o clássico desenho criado por Chuck Jones para a Warner em 1949, Scrat foi responsável por grandes momentos de humor puramente visual e levemente sádico em "A Era do Gelo". Mais do que isso: ele deu um toque de modernidade à série, já que suas desventuras sempre correram em paralelo ao eixo central das tramas, como se fossem curtas independentes invadindo a narrativa dos longas. Em "A Era do Gelo 4: Deriva Continental", que bate recorde ao estrear em 1.010 salas no Brasil, a boa notícia é que Scrat continua rendendo sequências brilhantes -como a do início do filme, em que ele causa, sem querer, a divisão da pangeia (o bloco terrestre original) nos vários continentes atuais. De resto, porém, este quarto episódio (e o primeiro a não ter a assinatura do brasileiro Carlos Saldanha como diretor ou codiretor) deixa claro o cansaço na franquia. Desta vez, o desafio dos protagonistas -o mamute Manfred, o tigre Diego e o bicho-preguiça Sid- é reencontrar seus familiares e amigos, dos quais foram separados pela deriva continental, e derrotar um bando de animais piratas em alto-mar. Há aqui um foco maior nas relações familiares (entre Manfred e sua filha adolescente, entre Sid e sua avó gagá) e a introdução de personagens interessantes (como o macaco Entranha, líder dos piratas, e a tigresa Shira, por quem Diego se apaixona). Mas as novidades não são suficientes para renovar a mensagem politicamente correta da série, sobre a necessidade de união para a sobrevivência e do respeito à diversidade (representada pelas diferentes espécies). A bem-sucedida franquia parece ter entrado no piloto automático, a ponto de ser difícil diferenciar o quarto episódio dos três anteriores. Nacionalismos à parte, a boa mão de Saldanha para as "gags" visuais (vide "Rio") fez falta. Ao menos Scrat continua lá, para sublimar o sadismo infantil e adulto. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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