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Crítica comédia

Jô Soares potencializa atuações histriônicas

"Atreva-se" reúne talentos emergentes do "stand-up" e da TV em trama eficaz que remete a filmes B americanos

LUIZ FERNANDO RAMOS
CRÍTICO DA FOLHA

"Comédia de pé" turbinada. "Atreva-se", espetáculo dirigido por Jô Soares, reúne ótimos comediantes para realizar cenicamente o que o gênero mais popular do momento, o "stand-up", faz com mais economia: promover seguidas ondas de gargalhadas.

A peça, escrita por Mauricio Guilherme, com a colaboração de Luciana Sendyk, inspira-se na tradição de filmes B norte-americanos de suspense para criar uma trama rocambolesca de situações hilárias, que se passam em uma mesma mansão ao longo de mais de 30 anos do século 20.

Não chega a ser uma dramaturgia muito elaborada, mas guarda eficácia na medida em que, no registro da paródia e jogando com os clichês das ficções de terror, sustenta as atenções e brinca com inverossimilhanças.

A direção de Soares garante um acabamento luxuoso à produção e potencializa o desempenho histriônico dos atores.

O protagonista, Marcos Veras, é talento emergente da cena carioca de "stand-up" e figura conhecida em programa televisivo de grande audiência, o "Zorra Total" (da Rede Globo).

Contracenando com Veras, e como ele dobrando em diversos papéis, Júlia Rabello traz a experiência de produções teatrais mais ambiciosas artisticamente e mais dramáticas. Nem por isso, porém, deixa de revelar um excelente tino cômico.

Completam o elenco outras duas atrizes que frequentam os humorísticos da TV, Carol Martin e Mariana Santos.

Esta se destaca porque, como uma "comadre" da antiga revista de ano, abre a encenação no meio do público e mantém-se lá, entretendo-o em todas as transições de cena para mudanças de cenário. Atua com desenvoltura, muito improviso e faz seu próprio show particular de "stand-up", no que revela, afinal, o modelo operante na encenação.

CLIMA "NOIR"

A cenografia de Chris Aizner, combinada com a iluminação de Maneco Quinderé tentam, sem muito sucesso, evocar o clima "noir" dos filmes em preto e branco.

De fato, a cena toda é em PB, construída com móveis e utensílios sofisticados de três épocas distintas e trazendo fotos de artistas de Hollywood correspondentes aos períodos retratados. Mas todos esses recursos resultam como penduricalhos.

O ambiente, até pela necessidade da montagem de sempre pontuar momentos de riso farto, nunca alcança de verdade qualquer caráter sombrio.

ATREVA-SE
QUANDO qui. a sáb., às 21h30, e dom., às 20h; até 26/8
ONDE Teatro das Artes (shopping Eldorado - av. Rebouças, 3.970, 3º piso, tel. 0/xx/11/3034-0075)
QUANTO R$ 50 a R$ 60
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
AVALIAÇÃO bom

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