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Crítica artes plásticas Documenta de Kassel reflete sobre o que se vê e o que se sente FABIO CYPRIANOENVIADO ESPECIAL A KASSEL A 13ª edição da Documenta de Kassel, na Alemanha, aberta ao público no início do mês passado, revela-se uma das mostras mais sofisticadas da história. Sua diretora artística, Carolyn Christov-Bakargiev, conseguiu reunir obras contundentes, que abordam os dramas contemporâneos, ao mesmo tempo em que produz uma reflexão refinada sobre o significado de expor. A primeira obra da mostra, no Fridericianum, é apenas uma sensação: o sentimento de uma leve brisa, provocada pelo artista inglês Ryan Gander, com "I Need Some Meaning I Can Memorize [The Invisible Pull]" (eu preciso de algum sentido que possa me lembrar [o puxão invisível]). Bakargiev aponta, aí, como na arte não interessa apenas o que se vê, mas sim o que se pode sentir quando se está atento. Isso ocorre ainda, por exemplo, com a performance de Tino Sehgal, realizada nos fundos de uma casa no centro de Kassel. O ambiente é escurecido, e os visitantes se localizam apenas pelo som das vozes dos vários intérpretes dispostos pelo aposento. Eles cantam, dançam de forma coreografada, dão depoimentos. A sensação de insegurança, de quando se entra na obra, se transforma, rapidamente, em aconchego, cumplicidade. É justamente essa relação íntima, entre público e obra, que torna essa Documenta tão especial. ANTIESPETÁCULO A cumplicidade existe ainda quando Bakargiev expõe artistas que fizeram pesquisas em Cabul (Afeganistão), um dos locais para onde a mostra se expandiu. Ela aborda o colapso da guerra, um dos eixos da Documenta, mas não apresenta obras que tratam do assunto de forma leviana. A diretora apresenta as obras tanto em Kassel como em Cabul numa sinalização de respeito. São detalhes como esses que tornam a imensa exposição, espalhada ao menos por 20 locais da cidade, algo que contradiz a noção de espetáculo que normalmente permeia o setor atual. A 13ª Documenta comprova que é possível fazer arte para o grande público e, ao mesmo tempo, manter o respeito à arte.
DOCUMENTA DE KASSEL |
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