Índice geral Ilustrada
Ilustrada
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Lacroix foca em figurinos e ilustrações de biografia

Livro mescla conto de fadas com trajetória romanceada do estilista francês

Proibido de usar o próprio nome na moda, Christian Lacroix canaliza talento em atividades diversas

CAROLINA VASONE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Excêntrico, exagerado, rebuscado, teatral. O quarteto de adjetivos cai sob medida em Christian Lacroix.

Aos 61 anos, o francês que nos anos 1980 conseguiu, com sua moda tão enfeitada quanto espetacular, peitar o estilo minimalista monocromático de japoneses como Rei Kawakubo e Yohji Yamamoto, não pode atualmente escrever o próprio nome na etiqueta de um vestido.

"Não tenho mais direito de me envolver com acessórios, moda com minha assinatura, perfume, mobiliário", conta Christian Lacroix em entrevista à Folha, respondida por email de Paris.

Na capital francesa, o designer acompanhava a estreia (no último 19/6) da versão em balé de "Le Bourgeois Gentilhomme" ("O Burguês Fidalgo"), de Molière, com figurinos assinados por ele.

Estrela da alta-costura francesa desde que criou sua marca, em 1987, Lacroix se diz cada vez mais distante do universo dos desfiles de moda e dedicado aos figurinos de óperas, balés e, recentemente, à criação de ilustrações para o livro "Christian Lacroix e o conto da Bela Adormecida", lançado no mês passado no Brasil.

Escrito pela jornalista de moda Camilla Morton, o texto mescla conto de fadas e a trajetória, também romanceada, do estilista apaixonado desde criança por ciganos e touradas, que observava e desenhava em sua cidade natal, Arles, no sul da França.

Na entrevista a seguir Lacroix fala de sua nova fase longe das passarelas e da briga com os irmãos Falic -seu grupo, dono das lojas Duty Free, comprou a marca Christian Lacroix do grupo LVMH em 2005, decretando sua falência em 2009.

-

Folha - Como foi que criou as ilustrações do livro?
Christian Lacroix - Eu me deixei levar pelas imagens que o texto inspirava, tentando traduzi-las por meio de colagens, pinturas, desenhos, sempre com o uso do editor de imagens.

Como é a vida fora das passarelas? As semanas de moda ainda são o melhor formato?
Minha nova vida é minha vida de verdade, um renascimento. A propósito dos desfiles, me sinto cada vez mais distante e refratário: é um verdadeiro alívio. São os jovens designers sem recursos, mas com ideias, que vão encontrar novas maneiras de avançar, impondo-as aos grupos que regem o mercado.

Como têm sido as colaborações fora e dentro da moda?
Adoro a colaboração bastante lúdica que tenho com a [marca de "fast fashion" espanhola] Desigual. É a razão pela qual mantenho uma pequena, mas muitíssimo agradável "atividade de moda". No entanto, minha verdadeira vida é o teatro, a ópera, o balé, em que multiplico minhas produções -como faço também na decoração de hotéis e de museus e da criação de vários cenários para as próximas temporadas.

Tem planos de lançar uma nova marca?
Absolutamente não. Não está em meus projetos nem entre os meus desejos.

Como é a relação com a marca que leva o seu nome?
Péssima. Eles [o grupo Falic] me devem vários milhões de euros. Trabalhei dois anos sem receber. Não tenho mais direito de me envolver com acessórios, moda com minha assinatura, perfume, mobiliário. E não são poucos os processos [legais] entre nós, mas detenho o direito de trabalhar com figurinos, com o setor ferroviário [Lacroix assinou a decoração do interior de alguns trens franceses], hotéis, livros, design etc. [Procurada, a assessoria de imprensa da grife Christian Lacroix afirmou que cuida apenas das relações públicas e não poderia se pronunciar sobre assuntos legais].

CHRISTIAN LACROIX E O CONTO DA BELA ADORMECIDA
AUTORA Camilla Morton
EDITORA Master Books
ILUSTRAÇÃO Christian Lacroix
QUANTO R$ 49 (112 págs)

Leia entrevista com Camila Morton
folha.com/no1114931

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.