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Aos 45 do 2º tempo No último dia, humor e poesia aquecem clima da 10ª Flip, em que grandes nomes fizeram debates mornos
Foi como uma virada no finalzinho do segundo tempo de uma partida de futebol. Aberta na última quarta-feira à noite em Paraty, até ontem a Flip vinha perdendo para a apatia e a mornidão. Mas o último dia da festa literária, que costuma ser o mais monótono, reuniu dois dos debates mais divertidos e espirituosos da décima edição: o de Fabrício Carpinejar e Jackie Kay e o de Gary Shteyngart e Hanif Kureishi. Houve também um momento de comoção da plateia, após o poeta Carlito Azevedo ler um poema inédito que fez para Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), o homenageado da festa. Na verdade, a virada havia começado a se desenhar na noite do sábado, quando os cartunistas Angeli e Laerte divertiram o público presente à Tenda dos Autores com sua sintonia escrachada. Não que até ali não tivesse havido graça. A conferência de Antonio Cicero sobre Drummond na abertura, o debate sobre a morte por Altair Martins, André de Leones e Carlos de Brito e Mello, a mesa sobre Shakespeare com Stephen Greenblatt e James Shapiro e a troca intelectual entre Adonis e Amin Maalouf foram alguns bons momentos. Mas não houve um nome consagrado pelo público (como Valter Hugo Mãe em 2011 ou Ferreira Gullar e Isabel Allende em 2010) nem confrontos acirrados de ideias, outra marca da festa -no ano passado, o curador criticou um convidado (Claude Lanzmann), que atacara um mediador; em 2010, convidados criticaram o homenageado Gilberto Freyre, e outros, o então presidente Lula. Ao contrário, a ideia de juntar em várias mesas convidados com afinidade eletivas revelou-se infeliz, com poucos atritos e debates que pareciam papo de comadres. Mais que isso, as atrações mais esperadas protagonizaram encontros chochos. Foi assim com o americano Jonathan Franzen, numa mesa em que alternou momentos de leseira e simpatia. Ou no debate entre Ian McEwan e Jennifer Egan, que se salvou graças a tiradas espirituosas dele, mas ainda assim não passou de mediano. Para ajudar a transformar o último dia num domingo gordo, a mesa "Livro de Cabeceira", evento de encerramento em que os convidados leem trechos de seus títulos prediletos (e que normalmente é esvaziado), reuniu neste ano algumas das principais atrações da Flip, como Enrique Vila-Matas, Ian McEwan, Luis Fernando Verissimo e Javier Cercas. GRACILIANO Embora a organização da Flip não tenha confirmado, é provável que o autor homenageado da edição de 2013 seja o romancista alagoano Graciliano Ramos (1892-1953). A informação oficial deve ser anunciada em 45 dias. O jornalista Miguel Conde será mantido na função de curador para o ano que vem. De acordo com os organizadores do evento, a edição encerrada ontem levou 25 mil pessoas às ruas da cidade de Paraty durante os cinco dias de festa e teve recorde de participação de público, com 45 mil acessos aos 135 eventos disponíveis. Flip - A disposição de Vila-Matas, que participou de quatro debates em Paraty - Programação paralela mais ampla - Leitura de poemas de Drummond antes de cada debate - Jovens autores brasileiros falando sobre a morte - Boas mesas dedicadas ao homenageado da festa - As viagens de Franzen - Sol durante quase todo o evento Flop - Jennifer Egan, cuja participação foi insípida - Excesso de encontros entre autores muito afinados e rasgação de seda - Mesas em que não se abriu perguntas à plateia - Falhas na transmissão na Tenda do Telão - Na Tenda dos Autores, a exibição dos poemas no telão tinha letras pequenas e possuía erros - O desdém de Franzen - A Flipzona -programação para adolescentes-, esvaziada Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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