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Aos 45 do 2º tempo

No último dia, humor e poesia aquecem clima da 10ª Flip, em que grandes nomes fizeram debates mornos

Fotos Zanone Fraissat/Folhapress
Da esq. para a dir., o libanês Amin Maalouf, o haitiano Dany Laferrière, a portuguesa Dulce Maria Cardoso, o catalão Enrique Vila-Matas, a cubana Zoé Valdés, o inglês Ian McEwan, o espanhol Javier Cercas, o colombiano Juan Gabriel Vásquez, o brasileiro Luis Fernando Verissimo e a fundadora daFlip, a editora britânica Liz Calder, na mesa "Livro de Cabeceira"
Da esq. para a dir., o libanês Amin Maalouf, o haitiano Dany Laferrière, a portuguesa Dulce Maria Cardoso, o catalão Enrique Vila-Matas, a cubana Zoé Valdés, o inglês Ian McEwan, o espanhol Javier Cercas, o colombiano Juan Gabriel Vásquez, o brasileiro Luis Fernando Verissimo e a fundadora daFlip, a editora britânica Liz Calder, na mesa "Livro de Cabeceira"

DOS ENVIADOS A PARATY (RJ)

Foi como uma virada no finalzinho do segundo tempo de uma partida de futebol.

Aberta na última quarta-feira à noite em Paraty, até ontem a Flip vinha perdendo para a apatia e a mornidão.

Mas o último dia da festa literária, que costuma ser o mais monótono, reuniu dois dos debates mais divertidos e espirituosos da décima edição: o de Fabrício Carpinejar e Jackie Kay e o de Gary Shteyngart e Hanif Kureishi.

Houve também um momento de comoção da plateia, após o poeta Carlito Azevedo ler um poema inédito que fez para Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), o homenageado da festa.

Na verdade, a virada havia começado a se desenhar na noite do sábado, quando os cartunistas Angeli e Laerte divertiram o público presente à Tenda dos Autores com sua sintonia escrachada.

Não que até ali não tivesse havido graça.

A conferência de Antonio Cicero sobre Drummond na abertura, o debate sobre a morte por Altair Martins, André de Leones e Carlos de Brito e Mello, a mesa sobre Shakespeare com Stephen Greenblatt e James Shapiro e a troca intelectual entre Adonis e Amin Maalouf foram alguns bons momentos.

Mas não houve um nome consagrado pelo público (como Valter Hugo Mãe em 2011 ou Ferreira Gullar e Isabel

Allende em 2010) nem confrontos acirrados de ideias, outra marca da festa -no ano passado, o curador criticou um convidado (Claude Lanzmann), que atacara um mediador; em 2010, convidados criticaram o homenageado Gilberto Freyre, e outros, o então presidente Lula.

Ao contrário, a ideia de juntar em várias mesas convidados com afinidade eletivas revelou-se infeliz, com poucos atritos e debates que pareciam papo de comadres.

Mais que isso, as atrações mais esperadas protagonizaram encontros chochos.

Foi assim com o americano Jonathan Franzen, numa mesa em que alternou momentos de leseira e simpatia.

Ou no debate entre Ian McEwan e Jennifer Egan, que se salvou graças a tiradas espirituosas dele, mas ainda assim não passou de mediano.

Para ajudar a transformar o último dia num domingo gordo, a mesa "Livro de Cabeceira", evento de encerramento em que os convidados leem trechos de seus títulos prediletos (e que normalmente é esvaziado), reuniu neste ano algumas das principais atrações da Flip, como Enrique Vila-Matas, Ian McEwan, Luis Fernando Verissimo e Javier Cercas.

GRACILIANO

Embora a organização da Flip não tenha confirmado, é provável que o autor homenageado da edição de 2013 seja o romancista alagoano Graciliano Ramos (1892-1953).

A informação oficial deve ser anunciada em 45 dias.

O jornalista Miguel Conde será mantido na função de curador para o ano que vem.

De acordo com os organizadores do evento, a edição encerrada ontem levou 25 mil pessoas às ruas da cidade de Paraty durante os cinco dias de festa e teve recorde de participação de público, com 45 mil acessos aos 135 eventos disponíveis.

Flip

- A disposição de Vila-Matas, que participou de quatro debates em Paraty

- Programação paralela mais ampla

- Leitura de poemas de Drummond antes de cada debate

- Jovens autores brasileiros falando sobre a morte

- Boas mesas dedicadas ao homenageado da festa

- As viagens de Franzen

- Sol durante quase todo o evento

Flop

- Jennifer Egan, cuja participação foi insípida

- Excesso de encontros entre autores muito afinados e rasgação de seda

- Mesas em que não se abriu perguntas à plateia

- Falhas na transmissão na Tenda do Telão

- Na Tenda dos Autores, a exibição dos poemas no telão tinha letras pequenas e possuía erros

- O desdém de Franzen

- A Flipzona -programação para adolescentes-, esvaziada

(FABIO VICTOR, MARCO AURÉLIO CANÔNICO, MARCO RODRIGO ALMEIDA, RAQUEL COZER E RODRIGO LEVINO)

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