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Crítica drama Peça suaviza imbróglio amoroso com simplicidade e bom humor LUIZ FERNANDO RAMOSCRÍTICO DA FOLHA O doce impacto da ternura. "A Garota do Adeus" é produção despretensiosa, que diverte a partir de uma história singela. Sua vitória é encenar, como teatro, um roteiro originalmente escrito para o cinema. O autor, Neil Simon, talvez o mais bem sucedido e premiado dramaturgo norte-americano vivo, conta, no filme de 1977, a história de um ator que chega a Nova York para trabalhar em uma montagem de "Ricardo III", de Shakespeare. Na aventura teatral lhe é solicitado criar um Ricardo homossexual, mas esse é só o pano de fundo para o envolvimento que terá com uma bailarina e sua filha de dez anos, com quem divide um apartamento. O diretor Elias Andreato enfrenta a dificuldade de recriar, na situação presencial de um palco estático, o que a narrativa cinematográfica realiza naturalmente, com grande mobilidade e muitas variações de planos. Para isso, serve-se da tarimba do cenógrafo José Dias, que cria um espaço cênico bem vazado, por onde os personagens conseguem transitar com facilidade. Em sua tradução, Edson Fieschi, que é também o ator protagonista, preocupa-se, de forma um tanto forçada, em adaptar a trama ao contexto teatral brasileiro, situando as ações em São Paulo. A tentativa, desnecessária, torna tudo menos verossímil. Gabriela Duarte, como a moça traumatizada com o abandono de seguidos namorados, ajusta-se à perfeição ao tom de comédia romântica que o texto exige. Mas quem realmente se sobressai é a menina Julia Gomes, uma verdadeira revelação no papel da espertíssima filha da bailarina. Outro destaque é Nilton Bicudo, como o diretor da esdrúxula montagem. Sem abusar de trejeitos, constrói o ridículo de seu personagem com sutileza. "A Garota do Adeus", suave imbróglio amoroso, alcança seu terno objetivo com simplicidade e bom humor.
A GAROTA DO ADEUS |
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