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Exposição de Modigliani tem obra suspeita e curador sob investigação 'Grande Figura Nua Deitada' teve sua autenticidade questionada ao ser exposta na Alemanha Condenado em 2008 por expor obras falsas, Christian Parisot se diz perseguido por rival e por casas de leilão
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA MATHEUS MAGENTA DE SÃO PAULO Um dos eventos mais importantes do Momento ItáliaBrasil, a mostra "Modigliani: Imagens de Uma Vida", em cartaz até amanhã no Masp, exibe uma obra que já teve a autenticidade questionada. Em 2009, a tela "Grande Figura Nua Deitada - Celine Howard" foi o centro de uma discussão após ser exposta em Bonn, na Alemanha. Analisado, o quadro conteria um pigmento não usado em pinturas da época do artista. Já a obra "Retrato de Marevna" chegou a ser proposta pelo francês Christian Parisot, um dos curadores da mostra, mas os responsáveis brasileiros a rejeitaram por dúvidas sobre sua autenticidade -em 2011, um colecionador apontou o quadro como falso após exibição no museu Pushkin, na Rússia. O nome de Parisot está no cerne da polêmica. Responsável pelo Institut Modigliani Archives Legales - Paris Rome, Parisot foi condenado em 2008 pela Justiça francesa por exibição de falsos desenhos, atribuídos a Jeanne Hébuterne, mulher do artista italiano Amedeo Modigliani (1884-1920). Sobre a condenação, Parisot diz que os desenhos passaram por processo errôneo de restauro e que ele pagou a multa estipulada. Atualmente, é investigado em três casos envolvendo falsificação e emissão de certificados indevidos de autenticidade. "[Parisot] já não tem a confiança do mercado de arte. Se um expert faz exposições, negócios e emite certificados ao mesmo tempo, temos um problema. Isso não é mais aceito", afirmou à Folha Henrik Hanstein, diretor da casa de leilão Lempertz, a mais prestigiada da Alemanha. "Nenhum grande museu faria uma exposição de Modigliani com Parisot", disse. Imagens de quatro obras da mostra brasileira foram enviadas à casa de leilões Sotheby's para avaliação. Em resposta, o vice-presidente de belas-artes, Thomas Denzer, disse com brevidade: "Esses trabalhos não são para a Sotheby's. Espero que isso ajude [sua pesquisa]". Parisot afirma que as casas de leilão ouvidas pela reportagem são ligadas, por interesse comercial, ao Instituto Wildenstein, que disputa com ele a autoridade sobre a obra de Modigliani. "Madame, chame a polícia". Assim reagiu Marc Restellini, diretor da Pinacothèque de Paris, importante museu dedicado à arte moderna, ao ser questionado sobre o curador da mostra de Modigliani no Brasil. "Esse homem é um falsário, um criminoso". Restellini, ligado ao Instituto Wildenstein, e Parisot são inimigos de longa data. A disputa passa pela realização do catálogo "raisonné" (reunião integral das obras que serve a conferir autenticidade a peças) do italiano. MOSTRA Com R$ 2,3 milhões captados via Lei Rouanet, a mostra foi trazida ao Brasil pela produtora Museu a Céu Aberto. Já passou pelo Palácio Anchieta, em Vitória, onde foi vista por mais de 36 mil pessoas, pelo Museu de Belas Artes, no Rio, e pelo Masp. A exposição segue agora para o museu Oscar Niemeyer, em Curitiba. A curadoria é assinada por Parisot e por Olivio Guedes, diretor cultural do Museu a Céu Aberto e representante em uma empresa de licenciamento de produtos com imagens do pintor (leia abaixo). Em 2007, a produtora já tinha tentado trazer obras do pintor ao país, mas teve um pedido de captação negado pelo MinC por causa do alto valor (quase R$ 15 milhões). Segundo Paulo Solano, sócio da produtora, a mostra traria ao Masp obras do acervo de grandes museus do mundo, como a Tate Gallery. Como plano B, a produtora procurou Parisot já em 2008. Segundo a assessoria da mostra, as pinturas expostas pertencem a colecionadores particulares de quatro países e ao Institut Modigliani. Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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