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Outro lado

Obras da mostra são autênticas, afirma francês

DE SÃO PAULO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O presidente do Institut Modigliani, Christian Parisot, afirmou que todas as obras que fazem parte da mostra sobre o artista possuem certificados de autenticidade.

"Restellini quer destruir a minha reputação para tentar tomar o 'poder' sobre a obra de Modigliani por meio do Instituto Wildenstein", disse.

Sobre as declarações de especialistas de casas de leilão de que sua credibilidade estaria abalada no meio artístico, Parisot diz que essas empresas são estritamente ligadas ao Wildenstein por "razões comerciais".

Questionado acerca da decisão judicial na França, ele afirma que pagou a multa que devia à Justiça francesa pela condenação de 2008.

"Não há processo posterior, apenas uma investigação sem continuidade", diz.

O Ministério da Cultura afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que desconhece as suspeitas sobre Parisot e que a Cnic, órgão responsável pela análise dos projetos, "não tem o papel de conferir autenticidade de obras de arte".

A pasta disse ainda que, se alguma obra da mostra for falsa, sua consultoria jurídica orientará sobre os procedimentos a serem adotados, já que a Lei Roaunet é omissa quanto a essa questão.

"Se o ato do patrocínio for considerado nulo por conta do estelionato, certamente será exigida a recomposição dos recursos ao erário", disse o ministério, em nota.

Paulo Solano, presidente do Museu a Céu Aberto, proponente do projeto, disse poder "garantir que na exposição do Brasil não entrou nenhuma obra falsa".

"No cenário internacional, há duas pessoas com articulação internacional para reunir obras do Modigliani: o professor Parisot e o Restellini. Nós optamos por ficar com quem tem legalmente os direitos sobre o espólio do artista, que é o Parisot".

Segundo ele, os dois têm uma rixa que "não tem nada a ver com a mostra". Sobre a condenação de Parisot na França, Solano disse desconhecer o teor do processo e que foi informado por Parisot de que o caso está resolvido.

CONVINCENTE

O curador do Masp, Teixeira Coelho, diz que há sinais "convincentes" sobre a pertinência da proposta. "Francamente nunca pensamos em desonestidade", afirma. Para ele, a autenticidade de uma obra é irrelevante para sua apreciação estética.

Um dos curadores da mostra, Olivio Guedes, diz que hoje a verificação da autenticidade das obras é fundamental e admite que a rixa e a condenação de Parisot na França suscitam dúvidas sobre a exposição no Brasil.

"O Parisot recebeu o instituto da filha do Modigliani. Então, quem sou eu agora para questionar, como um delegado, essa procedência? Eu não tenho essa capacitação. Nós fomos lá na sede do instituto em Roma. A pessoa existe e tem currículo."

Já o governo do Espírito Santo, que levou a mostra a Vitória, disse que para "todas as exposições internacionais mostradas no Palácio Anchieta são exigidas os certificados de autenticidade das obras, como [foi] apresentado pelo proponente do projeto".

A diretoria do museu Oscar Niemeyer diz não ter conhecimento de "qualquer problema com relação à mostra". Procurada, a Embaixada da Itália no Brasil, que apoiou a mostra, não respondeu ao contato da Folha.

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