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Barcelona encantada revive em 3ª parte de best-seller

Catalão Carlos Ruiz Zafón fala sobre "O Prisioneiro do Céu", seu novo livro

Volume é mais cômico e irônico do que os dois primeiros e traz relação entre um livreiro e um mendigo misterioso

SYLVIA COLOMBO
DE BUENOS AIRES

O catalão Carlos Ruiz Zafón, 47, é um habilidoso criador de universos. Inspirado em Charles Dickens (1812-1870), molda a Barcelona da primeira metade do século 20, transformando-a numa cidade encantada, ao mesmo tempo em que convive com as transformações e os dramas pulsantes de uma cidade grande da época.

Nesse cenário, Zafón ambienta um dos mais exitosos empreendimentos literários contemporâneos, a trilogia "Cemitério dos Livros Esquecidos", que já vendeu 20 milhões de cópias em mais de 40 países. A terceira parte, "O Prisioneiro do Céu" (Suma de Letras, 248 págs., R$ 39,90), acaba de sair no Brasil e já integra as listas de mais vendidos.

Aqui, Daniel Sempere, filho de um livreiro, se depara com os segredos de Fermín, o misterioso e pícaro mendigo do bairro de Montjuic.

Leia trechos da entrevista que Zafón concedeu à Folha.

Folha - Por que você escolheu a Barcelona dessa época para construir a trilogia?

Carlos Ruiz Zafón - Barcelona é minha cidade, onde estão meu berço e minhas raízes, o lugar de onde venho e a que, cedo ou tarde, sempre acabo voltando. Sempre me pareceu, desde pequeno, que a alma da cidade, a essência que percebo dela, é a da cidade que se desenvolve desde a Revolução Industrial até o final da Segunda Guerra.

É um período extraordinariamente rico em todos os âmbitos, com grandes esperanças, tragédias e uma evolução tremenda da sociedade.

A Barcelona mais verdadeira é a desses anos, por isso gosto de revisitá-la.

A trama se passa numa livraria, e o protagonista trabalha com livros. Suas ações são resultado de uma reflexão sua sobre a literatura?

Sim. Os romances desse ciclo são livros sobre a literatura, a escritura, a linguagem, a narrativa, os leitores. É um mundo de livros dentro dos livros, uma série de novelas que refletem sobre o que significa a criação literária.

São romances que aspiram combinar todos os gêneros e mecanismos da literatura e, ao mesmo tempo, tratar de assuntos clássicos, que integram o grande livro da vida.

Eles estão interconectados, mas cada um tem uma lógica própria e pode ser lido separadamente. Quais são as dificuldades de armar esse jogo?

É complexo, mas aí está o desafio, poder criar um labirinto de histórias dividido em vários romances que se reestruturam à medida que o leitor explora cada livro, em qualquer ordem.

Os dois primeiros têm tom mais sombrio, este terceiro conta com personagens cômicos e linguagem mais irônica. Por que esse giro?

Este volume é sobretudo o relato do personagem Fermin Romero de Torres, sua vida, seus segredos, quem é e como chegou até aí. Como voz do relato, o texto tem a sua personalidade, que sempre foi mais ligeira e luminosa e humorística. Trata-se de um tomo que tem mais chispa.

A Espanha está passando por um momento econômico difícil. Como vê a situação?

Vivo metade do ano em Barcelona e metade em Los Angeles. Por isso posso acompanhar de perto a gravíssima situação que vive meu país e seu entorno na Europa.

São dias muito difíceis e a sensação que tenho é de que se aproximam outros piores. A situação me produz uma grande preocupação e uma grande tristeza, porque o resultado é que muitos erros estão sendo pagos por pessoas que não os cometeram.

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