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Montagens sobre regimes autoritários fecham Rio Preto

Um texto argentino e outro iraniano se destacam no encerramento de festival teatral na cidade paulista

DO ENVIADO A SÃO JOSÉ DO RIO PRETO

A violência de governos autoritários. Até quinta, o assunto ainda não havia aparecido no roteiro de peças estrangeiras do Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto, que encerrou anteontem uma edição com espetáculos de temas políticos e veia documental.

Enfim, um trabalho argentino, "Mi Vida Después" (na sexta e no sábado), e outro iraniano, "White Rabbit, Red Rabbit" (na quinta, na sexta e no sábado), deram conta do recado, sem cair nos tradicionais clichês.

O espetáculo argentino "Mi Vida Después" abordou o assunto de forma direta.

Desta vez, quem depôs sobre o regime autoritário, que se instalou inicialmente no país em 1966, foram os filhos daqueles que atuaram no cenário político do período.

Seis intérpretes entram em cena com objetos que pertenceram a seus pais e usaram esse acervo como ponto de partida para a reconstituição.

Eles vasculhavam histórias de suas infâncias. São memórias nebulosas e repletas de lacunas.

O trabalho é desenvolvido pela escritora e encenadora Lola Arias, que, desde 2007, investiga o gênero documental. Um de seus primeiros trabalhos foi realizado na cidade de São Paulo.

Em 2007, ela montou aqui "Chácara Paraíso", em parceria com o suíço Stefan Kaegi. O espetáculo se baseava em depoimentos de policiais fora de atividade. Eram eles próprios os narradores de suas histórias.

"Mi Vida Después" reúne intérpretes mais habituados com a vida nos palcos, entre bailarinos, músicos e atores.

Um dos depoentes é Vanina Andrea Falco, que fala sobre seu pai, Luis Falco, ex-oficial a serviço do governo militar argentino.

Vanina conta em cena ter sido a primeira pessoa que, nas investigações sobre o período, depôs contra seu próprio pai. Ela descobriu, na juventude, que seu irmão mais novo não era um irmão de sangue. Seu pai o roubara de militantes de esquerda que desapareceram em 1977.

"White Rabbit, Red Rabbit" fala sobre autoritarismo, mas sem mencionar o governo de Mahmoud Ahmadinejad, atual presidente do Irã.

No espetáculo, um ator brasileiro (ou do país onde a peça é encenada) só entra em contato com o texto do iraniano Nassim Soleimanpour no momento em que sobe ao palco para montá-lo.

A peça está dentro de um envelope lacrado, que é aberto diante da plateia. O intérprete deve (ou não) obedecer as determinações do autor

(GUSTAVO FIORATTI)

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