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Disco raro de Plínio Marcos é relançado

Dramaturgo cantou no histórico "Em Prosa e Samba", de 1974, crônicas de costumes dos subúrbios paulistanos

Álbum reúne sambistas da velha guarda de SP, como Geraldo Filme, Zeca da Casa Verde e Toniquinho Batuqueiro

GUSTAVO FIORATTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Na madrugada do dia 29 para o dia 30 de novembro de 1999, o velório de Plínio Marcos, no teatro Sérgio Cardoso, foi invadido pela cantoria de um grupo de sambistas da velha guarda de São Paulo.

Esse foi o desfecho na vida de um autor conhecido por sua brilhante contribuição à dramaturgia brasileira e também pela boemia das esquinas de pagode e arrasta-pés.

Quem conta a história é sua filha, a produtora cultural Aninha Barros, que tirou o ano de 2012 para, junto com seus dois irmãos, resgatar memórias do pai, o autor das peças "Navalha na Carne", "Dois Perdidos Numa Noite Suja" e "Abajur Lilás".

O primeiro fruto dessa retomada foi o relançamento, pela Warner Music, do disco "Plínio Marcos em Prosa e Samba", gravado com Geraldo Filme, Zeca da Casa Verde e Toniquinho Batuqueiro.

Lançado em 1974, o álbum havia se tornado objeto de colecionador. "Eu mesma tive dificuldade de encontrar uma cópia", diz Ana. "No fim, consegui um disco pelo site Mercado Livre", comemora.

Segundo ela, a busca ainda continua. Plínio fez participação em outro disco de samba, o "Balbina de Iansã" (1971). "Esse eu também não tenho", conta.

Em ambos os trabalhos, o escritor estica seu legado da dramaturgia para a crônica de costumes, narrando ele próprio histórias de personagens do subúrbio paulistano.

"Conto histórias das quebradas do mundaréu, lá de onde o vento encosta o lixo e as pragas botam os ovos", resume o próprio escritor, introduzindo "Tiririca", primeira faixa de "Prosa e Samba".

O relançamento do álbum em vinil, planejado para setembro, será marcado pela realização de um show no Itaú Cultural, em São Paulo, com curadoria de Kiko Dinucci e presença de Juçara Marçal, Thiago França, Rodrigo Campos e Marcelo Cabral.

ACERVO

Na casa da ex-mulher de Plínio, Walderez de Barros, ainda estão encaixotadas outras possíveis surpresas do acervo do escritor, ao qual a Folha teve acesso.

Há ali fotografias, recortes de jornal e textos inéditos. Nesses manuscritos (Plínio escrevia à mão), o autor mostra mais um pouco de sua simpatia pelo mundo do samba.

Há trechos longos sobre carnavais de São Paulo e a relação entre políticos e organizadores de eventos festivos.

Plínio aponta excesso de demagogia em um cenário pós-ditadura, bravejando contra políticos que marcaram o período, entre eles, o do ex-presidente José Sarney, que atualmente preside o Senado.

Segundo Ana, já existe projeto para catalogar e disponibilizar esse acervo. A família procurou a Funarte para executar esse trabalho. O órgão, ligado ao governo federal, aceitou, mas o projeto ainda carece de patrocínio.

PLÍNIO MARCOS EM PROSA E SAMBA
ARTISTA Plínio Marcos
GRAVADORA Warner Music
QUANTO R$ 24,90

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