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Londres cruza os braços para Madonna

Show da turnê que vem ao Brasil em dezembro traz teatralidade repleta de antigos clichês da cantora pop

Apresentação "MDNA", no Hyde Park, tem produção mais modesta e roteiro previsível, com Igreja e sutiã de cone

GABRIELA MANZINI
EM LONDRES

Em sua passagem por Londres, anteontem, a turnê de Madonna não surpreendeu o público nem pelo repertório musical nem pelo arsenal de truques exibidos no palco.

É bem verdade que a apresentação foi prejudicada pelo limite de volume imposto no Hyde Park -parque onde foi montado o circo da diva-, mas isso não explica a modéstia da produção.

Toda a seção dedicada ao novo álbum, "MDNA", deixou saudade da teatralidade de "Sticky and Sweet", a turnê da cantora de 2008.

Se, daquela vez, a imagem do trono psicodélico usado pela cantora para suas peripécias rodou o mundo, desta vez será difícil encontrar uma imagem que conte a história.

E é uma história cheia de clichês. O show começa e termina reciclando referências à Igreja Católica que marcam a carreira da cantora, como em "Like a Prayer". A performance ainda inclui rastejo de lingerie pelo chão e sutiã em forma de cone: puro déjà-vu.

O tédio chega de vez quando, em um macacão de Mulher-Gato, Madonna encena uma longa luta para cantar "Revolver" e "Gang Bang".

Toda a interpretação exagera na violência barata ("quero atirar de novo na sua cara", diz ela a um dos bailarinos, empunhando uma pistola dourada) e, pior, obriga o público a passar muitos minutos de braços cruzados.

Para encerrar, Madonna se reserva o direito a uma esquisitíssima risada de bruxa.

Mas a diva também conta com a sorte. Quando a chuva ameaçou acabar com o humor da plateia, era a hora de "Papa Don't Preach" e "Hung Up". Uma vez mais, os hits aparecem em novas versões. A de "Like a Virgin", transformada em uma balada, enfraquece a original.

"Express Yourself" vira remix de "Born This Way", de Lady Gaga, que logo se revela uma provocação. Madonna emenda a aparente homenagem no refrão de "She's Not Me" ("Ela Não Sou Eu").

O show no Hyde Park foi o primeiro desde que o partido de extrema direita francês Frente Nacional anunciou que processará Madonna por estampar sua líder, Marine Le Pen, com uma suástica na testa em um vídeo exibido durante "Nobody Knows Me".

O rosto de Le Pen - que defende políticas anti-imigratórias, mas nega ser racista ou xenófoba- é seguido pela imagem de Adolf Hitler.

LIMITE DE HORÁRIO

Para evitar distúrbios aos moradores da vizinhança, os shows no Hyde Park agora têm de acabar antes das 22h30. O de Madonna terminou às 22h28.

No último sábado, no mesmo local, Bruce Springsteen e Paul McCartney encerravam um show com "Twist and Shout" quando os equipamentos foram desligados pela produção do show por conta do horário. (COLABOROU RODRIGO RUSSO, De LONDRES)

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