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Crítica Animação Currículo da Pixar é o principal inimigo do agradável "Valente" Novo filme tem profundidade e cenas memoráveis, mas decepciona se comparado a outras animações do estúdio RICARDO CALILCRÍTICO DA FOLHA O maior inimigo da Pixar, em "Valente", é o próprio currículo da Pixar. O estúdio de animação nos mimou com um padrão de qualidade tão absurdo nos últimos anos que mesmo um filme digno e agradável como esse lançamento pode causar uma leve decepção. Em filmes como "Toy Story" (1995), "Monstros S/A" (2001) e "Procurando Nemo" (2003), a Pixar sempre apontou novos caminhos tecnológicos, estéticos e narrativos para a animação digital. Sendo "Valente" o primeiro conto de fadas da Pixar, era natural esperar que ela fizesse o mesmo nesse terreno historicamente tão fértil. Mas o fato é que a produtora ficou atrás da concorrência. "Shrek" (2001) e o pouco lembrado "Como Treinar seu Dragão" (2010), ambos da Dreamworks, reinventaram a tradição dos contos de fada de forma mais original. O ponto de partida, aliás, é semelhante: apresentar uma heroína menos inocente e mais aventureira -para usar um jargão moderno, uma princesa proativa. LIBERDADE Essa figura é Merida, uma adolescente de cabelos de fogo, filha do rei Fergus e da rainha Elinor, de um antigo reino celta. Criada pela mãe para ser uma mulher do lar, Merida preferiria ser uma grande guerreira como o pai. Certo dia, o rei promove um desafio para escolher o marido de Merida, mas ela se revolta contra essa tradição e pede ajuda a uma bruxa. Esta realiza um feitiço que dá errado e transforma a mãe da princesa ruiva em um urso. Em meio a elementos básicos dos contos de fada, a Pixar introduz discussões nada elementares, como o embate entre convenção e liberdade. Merida é quase uma beatnik, alguém que renega o padrão coletivo em busca de um destino individual. Como outras animações da Pixar, "Valente" aborda questões complexas com uma profundidade que poucos filmes adultos têm a oferecer hoje. E traz, como de hábito, cenas memoráveis. Mas dois problemas roubam parte do encanto da nova produção. O primeiro é aquele do começo deste texto: a sensação de que outros filmes fizeram o mesmo antes e talvez melhor. O segundo é que a "moral da história" nos é apresentada aqui de maneira mais evidente, menos sutil que em filmes anteriores do estúdio. Daqui em diante, será cada vez mais difícil para a Pixar não apenas enfrentar a concorrência, mas, sobretudo, igualar seu passado. VALENTE DIREÇÃO Mark Andrews, Brenda Chapman PRODUÇÃO EUA/2012 ONDE nos cines Anália Franco UCI, Metrô Itaquera e circuito CLASSIFICAÇÃO livre AVALIAÇÃO regular Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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