Texto Anterior
|
Próximo Texto
| Índice | Comunicar Erros
Ambiguidade marca tramas policiais de Garcia-Roza DE SÃO PAULOLogo no início do romance "Fantasma", não é um crime a principal preocupação de Espinosa. O que tem tirado o sono do delegado é tentar compreender a teoria dos objetos inexistentes proposta pelo filósofo austríaco Alexius Meinong (1853-1920). Uma frase em especial o encanta: "A redondeza do quadrado redondo não é afetada pela sua não existência". Pode parecer uma reflexão um tanto inusitada para um romance policial, mas não mais que a própria incursão de Garcia-Roza pelo gênero.
Ex-professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, autor de oito livros de psicanálise e filosofia, ele enveredou pelo mundo dos assassinatos aos 60 anos. Três anos depois, deixou a universidade para dedicar-se inteiramente à literatura. Não considera, porém, as atividades tão excludentes assim. "Na psicanálise, na filosofia e no romance policial existem métodos investigativos. Há algo oculto que vai se revelar verdadeiro por meio de um discurso racional." Ao batizar seu detetive, ele homenageou um dos seus mestres, o filósofo Baruch Spinoza (1632-1677).
O Espinosa da 12ª DP de Copacabana não é dado a reflexões brilhantes, mas herdou do filósofo o senso de honestidade e a necessidade de compreender os outros. "Na expressão mais básica do gênero, o policial pega o bandido no final. Mas e aí? O enigma nunca tem uma solução final. Essa ambiguidade é o que me atrai." (MRA)
FANTASMA |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |