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Brooklyn turbina cena musical de NY

Cenário da série "Girls", distrito revelou bandas que ganharam projeção internacional, como MGMT e The National

Região é marcada por presença de imigrantes e parcerias entre músicos, atraídos por aluguéis baratos

ADRIANA FERREIRA SILVA
DE SÃO PAULO

Pelo menos desde 1970, época em que o clube de Manhattan CBGB era palco para Patti Smith, Ramones e Blondie, entre outros do mesmo quilate, Nova York não era tão relevante para a música pop quanto agora.

O responsável é o Brooklyn, distrito nova-iorquino que se tornou o centro criativo da última década, muito antes de a série "Girls" turbinar o "hype" em torno da região.

Foi ali, em Williamsburg, bairro às margens do East River, emoldurado pela ponte do Brooklyn, que a banda LCD Soundsystem deu formato ao discopunk, o Fischer spooner experimentou com o electroclash, o TV on the Radio mesclou rock e sons africanos, e o MGMT criou seu rock progressivo/psicodélico.

Essa confluência de talentos, que continua reverberando na música e em outras áreas da cultura, ocorreu por uma série de fatores, entre eles o alto custo de vida na ilha de Manhattan no início dos anos 2000.

"Os aluguéis no Brooklyn eram mais baratos. Então, músicos e artistas se mudaram para cá, para poder manter seu estilo de vida sem gastar todo o dinheiro pagando por um apartamento", explica Dana Keith, diretora do Northside Media Group.

A empresa edita um guia gratuito, "L Magazine" (thelmagazine.com), destacando eventos, restaurantes e bares no Brooklyn e na região do baixo Manhattan.

O grupo também é responsável pelo Northside Festival (northsidefestival.com), que há quatro anos promove shows, exibição de filmes e outras atividades artísticas em Williamsburg e no bairro vizinho, Greenpoint. Segundo Keith, ambos foram criados na esteira da efervescente produção local.

PARCERIAS

"Concentrados no Brooklyn, os artistas passaram a trocar referências e a criar juntos. Como é preciso dar duro para ser notado em Nova York, fizeram músicas incríveis, o que colocou a área no mapa", afirma Keith.

Nesta época, lembra ela, grupos como MGMT, Yeasayer, Grizzly Bear, Vampire Weekend e The National ganharam projeção internacional, conquistando a mídia, outros artistas e o público.

O canadense Darcy James, pianista que lidera a big band Darcy James Argue Secret Society, foi um dos que fizeram as malas para lá nessa onda. "O Brooklyn atrai não só músicos, mas imigrantes de diversas partes do mundo. Isso resulta numa rica troca de sonoridades e culturas", diz.

Essa migração foi acompanhada por uma proliferação de bares e boates. Alguns deles, como Public Assembly e Death by Audio, ocupam antigos galpões e mantêm a tosca estrutura original.

É nessas boates e bares descolados que, ainda hoje, 12 anos após o "boom" do Brooklyn, dá para ouvir música boa de grupos famosos ou não e se deparar com um show-surpresa do guitarrista Thurston Moore (Sonic Youth) num sábado à tarde.

"O distrito sempre representará o 'zeitgeist' no que tange a artistas emergentes e o parâmetro para o que está sendo feito em arte", aposta Keith. O Brasil está na rota dos veteranos e emergentes dessa cena. A dupla Tanlines e o projeto Lichens têm apresentações marcadas no país (veja no quadro abaixo).

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