Índice geral Ilustrada
Ilustrada
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Exibição de filmes nacionais perde espaço na TV aberta

Profissionais do setor audiovisual defendem cota, enquanto redes relatam dificuldades em aquisição de obras

ALBERTO PEREIRA JR.
MATHEUS MAGENTA
DE SÃO PAULO

A produção brasileira de cinema enfrenta um descompasso. Enquanto os lançamentos nacionais não param de crescer nas salas de cinema do país, a participação desses longas na TV aberta caiu nos últimos quatro anos.

Segundo o relatório divulgado pela Ancine (Agência Nacional do Cinema), apenas três das nove emissoras analisadas abrem espaços para filmes brasileiros. São elas: Globo, Cultura e TV Brasil.

Na esteira da nova lei da TV paga, que determinou cotas para a produção nacional, representantes do segmento audiovisual defendem que seja criado um mecanismo parecido para os canais abertos.

Em 2011, 99 títulos nacionais chegaram às salas brasileiras -um recorde desde a retomada, em 1995, com "Carlota Joaquina - Princesa do Brasil", de Carla Camurati.

Nos cinemas, a fatia de mercado dos filmes nacionais passou de 24%, em 2008, para 29%, no ano passado. Já na televisão aberta, o quinhão nacional na exibição de filmes caiu de 14,7% para 13,8%, no mesmo período.

DIFICULDADES

A Folha questionou as TVs sobre o espaço destinado à exibição de filmes brasileiros.

A dificuldade de aquisição dos longas, devido à concentração de produções sob o guarda-chuva da Globo Filmes, é apontada como uma das principais causas.

"Exibir filmes nacionais faz parte do nosso DNA, mas é difícil comprar produções mais novas, pois boa parte delas pertence à Globo Filmes, que vai exibi-las primeiro no Canal Brasil e depois na Globo", afirma Walter Silveira, superintendente de programação da TV Brasil, canal que mais veiculou filmes brasileiros em 2011 (80 títulos).

Detentor do pacote da Warner no Brasil, o SBT exibiu no ano passado em 272 ocasiões longas estrangeiros, mas nenhum nacional.

Segundo Zico Góes, diretor de programação da MTV, o canal não tem poder financeiro para competir com canais como a Globo. "As produções que valem a pena são caras. O que sobra é hermético e pouco televisivo."

A Globo Filmes se defende e diz, por meio de sua assessoria, que contribui para a exibição de filmes nacionais. "As coproduções da Globo Filmes seguem o fluxo normal de mercado, em que o filme primeiro é lançado nas salas de cinema, depois em vídeo doméstico, na TV fechada e finalmente na aberta."

Aguarda aprovação no Senado uma proposta da deputada federal Jandira Feghali (PC do B-RJ) que fixa cotas para a exibição de filmes nacionais nas TVs abertas.

"O povo brasileiro financia o cinema nacional, mas não tem acesso a ele. É preciso uma cota mínima na TV aberta, como é feito em quase todos os países", diz João Baptista Pimentel Neto, do Congresso Brasileiro de Cinema.

Rodrigo Letier, da TV Zero, responsável por "Bruna Surfistinha", concorda. "Acho reserva de mercado algo perigoso, mas ajudaria o setor."

"Em princípio, sou contra cotas. A produção está crescendo, mas não a de blockbusters nacionais. As TVs querem filmes competitivos", diz Sílvia Cruz, da Vitrine Filmes. A Globo Filmes diz desconhecer a proposta de cota para filmes nacionais na TV.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.