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Mostra aproxima arte de Brasil e Argentina

Conjunto de obras em Buenos Aires destaca semelhanças na produção feita nos dois países durante os anos 1960

Exposição, que reúne obras de Hélio Oiticica, Lygia Clark e Luis Felipe Noé, vem ao Brasil no segundo semestre

SYLVIA COLOMBO
DE BUENOS AIRES

Engajamento político, influência do pop, questionamento da sociedade de consumo. São muitos os pontos em comum entre as artes plásticas do Brasil e da Argentina nos anos 1960.

Porém, até agora, ninguém tinha tido a iniciativa de juntar as duas produções numa só mostra, permitindo uma reflexão que atravessasse a fronteira dos dois países.

Com essa proposta, a exposição "Pop, Realismos e Política", com curadoria do brasileiro Paulo Herkenhoff e do argentino Rodrigo Alonso, teve início na semana passada na Fundação Proa, em Buenos Aires.

A mostra será exibida no Brasil no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, e no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, durante o segundo semestre.

Em entrevista à Folha, Herkenhoff, 63, disse que, apesar de serem expostos de maneira mais direta às novas ideias da pop arte, da nova figuração e do realismo francês, os artistas do Brasil e da Argentina também foram herdeiros de uma tradição própria, como o neoconcretismo, no caso carioca.

Dar ênfase a esse aspecto pluralista foi uma das preocupações da curadoria do evento.

ARTE DE PARALELOS

Entre os pontos de contato das duas produções, ele aponta o fascínio pelas estéticas do hemisfério norte, além de um forte compromisso entre arte e ética diante da violência do terrorismo de Estado, presentes nos dois países. Na Argentina, a partir de 1976. No Brasil, 11 anos antes.

"Há uma consciência de uma história da arte local que rompe com o provincianismo. Trata-se de um cosmopolitismo invertido", explica.

Entre os paralelos que a mostra expõe, Herkenhoff chama a atenção para a influência da psicanálise para artistas argentinos e para a relação entre arte e loucura no Brasil, temas abordados no mesmo período.

O ex-curador do MAM-Rio e ex-diretor artístico da Bienal de São Paulo também percebe um vínculo entre o pensamento crítico da trinca formada pelo argentino Jorge Romero Brest (1905-1989) e pelos brasileiros Mário Pedrosa (1900-1981) e Ferreira Gullar.

Na primeira sala da exposição, há obras de artistas brasileiros e argentinos que tem Che Guevara como tema. Uma delas de Claudio Tozzi, a outra de Roberto Jacoby.

As duas imagens do guerrilheiro Che Guevara -que nasceu na Argentina, vale lembrar- problematizam a figura modelar da luta pelas utopias sociais no contexto da pop arte. O "Che" concebido por Tozzi é uma figura heroica, com o olhar que aponta para o horizonte.

O cartaz de Jacoby, com os dizeres "um guerrilheiro não morre para ser pendurado numa parede", cobra uma posição brechtiana dos artistas sobre a consequência de seus atos."

NA INTERNET
Leia íntegra da entrevista
folha.com/no1124375

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