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Papai e mamãe

Best-seller britânico "Cinquenta Tons de Cinza" chega ao Brasil e joga luz sobre um mercado de "pornô para mães"

RODRIGO RUSSO
DE LONDRES
RAQUEL COZER
COLUNISTA DA FOLHA

A trilogia "Cinquenta Tons", da autora britânica E.L. James, que chega agora ao Brasil pela editora Intrínseca, é um fenômeno de vendas que reanima o mercado de romances eróticos para o público feminino.

Na imprensa do Reino Unido, os best-sellers de James, até então uma bem-sucedida executiva de TV, casada, com dois filhos, ganharam o apelido de "mommy porn" (pornô para mamães).

Por envolver sexo, "Cinquenta Tons" foi proibido em bibliotecas públicas dos Estados norte-americanos de Geórgia e Wisconsin. A Flórida, que inicialmente vetou a publicação, voltou atrás.

A história de sucesso do romance entre a inocente universitária Anastasia Steele e o milionário Christian Grey deve muito à ascensão da popularidade dos livros eletrônicos, e seu primeiro episódio é "Cinquenta Tons de Cinza".

Para críticos, é evidente que o romance foi escrito por uma autora da meia-idade porque, em pleno 2011, a protagonista, aos 21 anos e estudante universitária, nunca havia recebido um e-mail.

James escrevia em comunidades virtuais de fãs da série "Crepúsculo", outro recente fenômeno de vendas, e inclusive usava os personagens Edward e Bella.

Com o interesse de editoras, o projeto foi repensado para configurar uma série de livros eletrônicos, e novos personagens surgiram.

Diversos artigos na imprensa especularam que, como as pessoas não estão sujeitas a constrangimentos quando leem um livro digital, sem capa, a série alcançou números que não teria se começasse de forma impressa.

As boas vendas da versão digital fizeram com que, enfim, surgisse a trilogia em papel. Os outros dois títulos são "Cinquenta Tons Mais Escuros" e "Cinquenta Tons de Liberdade". James teve sucesso inicialmente no mercado dos Estados Unidos, para depois conquistar os britânicos.

Somados os diversos formatos, a autora já vendeu mais de 10 milhões de cópias do caso entre Anastasia e Grey, que inclui cenas de sadomasoquismo.

Os três livros ocupam o primeiro, o segundo e o terceiro lugar das listas de mais vendidos do jornal "New York Times" e do site Amazon.

LEILÃO

Em março, várias editoras brasileiras entraram no leilão pelos direitos dos livros. O páreo ficou entre Companhia das Letras -então prestes a lançar seu selo mais comercial, Paralela- e Intrínseca, que levou a trilogia por US$ 780 mil (R$ 1,5 milhão), valor que superou em muito o pago por editoras de outros países.

As casas que ficaram de fora correram atrás de títulos similares, levando a Intrínseca a antecipar o lançamento de setembro para agosto.

Segundo cálculos de editoras, a Intrínseca precisaria vender pelo menos 170 mil exemplares da obra para pagar o adiantamento, mas não parece que o feito seja difícil.

Da tiragem inicial de 200 mil, 70% já estavam comprados pelas livrarias no dia em que o livro começou a ser vendido para o público.

A Intrínseca pediu reimpressão de mais 100 mil cópias, e informa que os outros títulos sairão com 300 mil.

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