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Para Gagosian, colecionador dita mercado

Galerista diz que hoje há volumes de dinheiro sem precedentes e que os museus não movimentam mais preços

Marchand que participa da ArtRio afirma que o capital está na Ásia e que Brasil lidera cena da América Latina

DE SÃO PAULO

Leia a seguir a entrevista de Larry Gagosian à Folha.

(SILAS MARTÍ)

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Folha - Mesmo com a crise econômica, vendas de arte vêm batendo recordes. Como explicar o mercado hoje?

Larry Gagosian - Com ou sem crise, há tremendas concentrações de dinheiro nas mãos de poucas pessoas, e elas querem fazer algo com esse dinheiro. Colecionar arte se tornou algo em que as pessoas acreditam. Elas acreditam em arte e no valor da arte. Sabem que arte com importância histórica, boa arte, nunca perde o seu valor.

Colecionadores se tornaram mais importantes do que os museus na legitimação da obra de um artista?

Todo o ritmo hoje é ditado pelos colecionadores. Se você quiser vender algo para um museu, é preciso ficar quieto, porque um colecionador pode entrar na galeria e fazer um cheque a qualquer momento. Eles é quem ditam o ritmo do mercado, e isso é algo recente. Também o volume de dinheiro que eles gastam não tem precedentes.

Essas pessoas têm tanto dinheiro que eles não só podem comprar qualquer obra como também podem construir um prédio incrível para abrigar essa coleção e conseguir recursos para financiar esse novo museu para sempre.

Feiras de arte se multiplicam pelo mundo. Estar em todas elas é importante para sobreviver no mercado global?

Esse é o motivo pelo qual estamos fazendo essa feira [ArtRio] no Brasil, porque é difícil entrar em mercados emergentes. Percebi isso lá atrás, quando comecei em Los Angeles, mas todos os colecionadores estavam em Nova York. Hoje nem Nova York concentra todos eles, as pessoas já não vão lá como iam no passado. Os Estados Unidos ainda são o maior mercado de arte, mas você sai perdendo se não tenta atingir museus e colecionadores em outros mercados.

A geografia do mercado de arte mudou? De onde vem a maior parte do dinheiro hoje?

Eu diria que o dinheiro está na Ásia. China, Coreia e até o Japão são mercados substanciais. Na Rússia, o colecionismo sofreu com a queda no preço do petróleo e a crise.

A América Latina está se tornando cada vez mais importante. O Brasil parece liderar isso pelas feiras que tem, e o México também se inseriu no mercado internacional. Isso tudo é muito recente.

Qual é sua estratégia na representação de um artista? Como escolhe os nomes que entram para o elenco da Gagosian?

Não sei se tenho uma estratégia, acho que sou mais instintivo. Também, se tivesse uma estratégia, não contaria para ninguém qual é. Não há segredo, é só fazer exposições de artistas importantes de um jeito sério. Nem sempre isso rende bons resultados financeiros, mas torna o meu trabalho mais interessante.

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