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Crítica Documentário

Filme faz jogo de espelhos com fãs e astros da música 'cafona'

DE SÃO PAULO

O homem que, em sua primeira visita a um bordel, apaixona-se pela prostituta, casa e tem filhos com ela. "Tirei ela de lá. Agradeço muito a Deus de ter encontrado ela." A canção que define sua vida é "Vou Tirar Você desse Lugar", de Odair José.

O travesti que atende a caminhoneiros à beira da estrada mas não tem um namorado fixo. "Eu me apego, mas, amor mesmo não consigo mais. É mente muito fraca da gente se apaixonar. É capaz de levar até à morte." Música que o acompanha: "Aventureiro", de Agnaldo Timóteo.

Personagens das canções e figuras reais são quase uma coisa só em "Vou Rifar meu Coração", documentário de Ana Rieper, que estreia hoje.

A produção foi buscar, no interior do Nordeste, nas fronteiras de Sergipe, Bahia e Alagoas, histórias reais que correspondessem ao universo poético de clássicos da música "cafona" ou "brega".

O objetivo aqui não é questionar a fragilidade desses rótulos e nem o preconceito que carregam. Mas, isso sim, validar a carga dramática das canções, que muitas vezes soa exacerbada demais para se parecer com a vida real.

O filme aprofunda ainda mais o jogo entre realidade e ficção e coloca em cena os cronistas -Odair, Timóteo, Wando, Nelson Ned e Amado Batista, entre outros. Cronistas de um cotidiano popular, são ao mesmo tempo os personagens das próprias crônicas.

O melhor exemplo disso é Lindomar Castilho, cantor que matou a ex-mulher em um caso passional que comoveu o país nos anos 1980.

"O que ocorreu pode acontecer com qualquer pessoa. O ser humano é passível de ter um amor e um ciúme exacerbado", diz. Entra a música "O Julgamento", de Amado Batista. "Ninguém sofre uma traição e se cala pra pensar", ele chora no último verso.

(MARCUS PRETO)

VOU RIFAR MEU CORAÇÃO

DIREÇÃO Ana Rieper
PRODUÇÃO Brasil, 2011
ONDE Reserva Cultural, Lumière Playarte e circuito
CLASSIFICAÇÃO 12 anos
AVALIAÇÃO bom

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